Em seu segundo encontro com o juiz Sergio Moro, o ex-presidente Lula foi mais sucinto e silencioso do que se esperava. Os advogados do ex-presidente, Cristiano Zanin e Valéria Martins, explicaram qual foi a estratégia da defesa do ex-presidente, um pouco diferente da adotada em maio, no processo do tríplex. O argumento da defesa é de que o Ministério Público e o próprio Moro fugiram do cerne da denúncia debatida nesta quarta-feira (13): a utilização ilícita do dinheiro da Petrobras.
A audiência desta quarta-feira tratou do processo em que Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela compra de um terreno em São Paulo. O local seria destinado a uma nova sede do Instituto Lula , no valor de R$ 12,4 milhões. Além da aquisição de um apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, ao custo de R$ 504 mil.
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O cerne da denúncia, destacou o advogado Cristiano Zanin", é a existência de dinheiro desviado da Petrobras nestas operações financeiras. E que este suposto desvio teria "gerado recursos dirigidos direta ou indiretamente ao ex-presidente Lula".
Vejam que esta é a base da denúncia. Não adianta discutir a questão dos imóveis se o Ministério Público não provar qual a base da denúncia. Que são estes valores provenientes da Petrobras.
Este seria o motivo pelo qual Lula, orientado pela defesa técnica, teria se negado a responder a algumas das questões formuladas pelos procuradores e pelo próprio juiz Moro.
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A avaliação da defesa é de que o ex-presidente não se esquivou de nenhuma pergunta relativa ao processo. As vezes em que ele calou foi porque as perguntas fugiam ao tema, ou por serem "questionamentos sucessivos" sobre um mesmo tema (tema este que a defesa julgou já estar respondido), arguiu Zanin.
“Não há provas”
A defesa do ex-presidente Lula considera que o MP não apresentou provas a respeito do cerne da denúncia, que é o desvio de dinheiro.
Nas palavras de Zanin:
Do ponto de vista técnico jurídico, a única forma que o Ministério Público teria de comprovar sua denúncia seria mostrar que o ex-presidente lula praticou ou deixou de praticar um ato da sua competência enquanto presidente da República e recebeu uma vantagem em razão deste comportamento.
A defesa corroborou o que o próprio Lula disse em depoimento, a respeito do ex-ministro Antonio Palocci. Os advogados consideram mentiroso o depoimento em que ele falou sobre um "pacto de sangue" entre Lula e os Odebrecht, que envolveria R$ 300 milhões em propina. "Se há algum pacto de sangue é entre Palocci e a Lava Jato", disparou o advogado, dando a entender que o ex-aliado de Lula mentiu porque quer sair da cadeia.
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