O jornal americano Wall Street Journal (WSJ) trouxe nesta terça-feira (17) uma rara entrevista com o juiz Sergio Moro, que conduz os julgamentos em primeira instância da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná. Descrito pela publicação como o “Super-Moro” admirado por seus seguidores, o juiz afirma que a sociedade brasileira não pode esperar que a Justiça sozinha conseguirá derrotar a corrupção.
“É necessário que outras instituições também façam sua parte com reformas que reduzam as oportunidades e incentivos para a corrupção”, afirma Moro. Para o WSJ, a declaração ocorre em um momento em que o Congresso faz pouco para conter os custos das campanhas eleitorais, com a aprovação de um fundo bilionário para bancar as eleições de 2018.
O próprio Moro comenta que foram mudanças legais ocorridas em 2013, que permitiram que a Lava Jato progredisse. Entre as novidades da época está o instrumento da delação premiada, essencial para o avanço das investigações sobre a corrupção na Petrobras que começaram com a apuração de lavagem de dinheiro em um posto de gasolina.
Ao WSJ, Moro negou mais uma vez que teria intenção de concorrer a um cargo eletivo. “Se eu entrasse na política, criaria a impressão errada sobre os motivos do meu trabalho atual. É possível influenciar positivamente a sociedade sem ser o presidente da República”, frisou.
A publicação descreve como Moro se tornou uma celebridade em Curitiba, sendo aplaudido em restaurantes e interpelado por admiradores em supermercados. Ao longo dos últimos anos, Moro passou a ter sua cara em máscaras de carnaval e seu nome em adesivos de para-choques de carros, além de ter sua caixa de e-mails cheia de pedidos para que solucione casos obscuros.
“No Brasil, nós temos a crença em soluções miraculosas, que ‘X’ vai acontecer e que isso vai mudar para sempre a história do país”, afirma. Mas ele evita esse tipo de otimismo: a corrupção vai demorar para ser derrotada e para isso o Brasil terá de fazer mais mudanças.
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