O presidente Michel Temer recebeu “com alívio” a informação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que um áudio pode comprovar “omissão” do Grupo J&F e que este fato pode levar à rescisão do acordo dos delatores do grupo – embora a sem neutralizar as provas dele derivadas.
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A informação sobre a reação de Temer foi dada pelo advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira, que defende o presidente, alvo da delação da J&F. Temer, que está na China, ligou para Mariz. O advogado disse ainda “esperar” que Janot não apresente uma segunda denúncia contra Temer. A primeira acusação formal, por corrupção passiva, foi barrada na Câmara dos Deputados.
Qual foi a reação do presidente Michel Temer?
Ele recebeu a notícia com alívio.
Qual a consequência dessa revelação do procurador?
Isso muda tudo. Nós, de uma certa forma, já prevíamos que a prova que serviu de base para a denúncia contra o presidente estava eivada de vícios, irregularidades, ilegalidades. Há aspectos hoje comentados pelo procurador-geral que já haviam sido denunciados por nós, como a absurda participação do procurador Marcelo Miller em um escritório de advocacia para trabalhar na leniência da própria J&F, sendo que este procurador compunha o estafe do procurador-geral.
Janot está na iminência de apresentar uma segunda denúncia contra Temer.
Espero que eventual nova denúncia não seja oferecida, pelo menos da forma açodada e descuidada como da primeira vez, nem enviada à Câmara pelo ministro Edson Fachin (do Supremo Tribunal Federal) sem que haja antes uma investigação a respeito da veracidade dos fatos constantes dessa eventual denúncia. Uma investigação da legalidade e licitude das provas respectivas para que não venham a se repetir os mesmos enganos, os mesmos erros e as mesmas injustiças causadas na denúncia anterior, em relação à qual nenhuma cautela foi adotada.
Acha que virá uma segunda acusação?
O que posso dizer é que seria de muito boa providência, inclusive para recuperar a credibilidade da Procuradoria-Geral da República, que Rodrigo Janot não ofereça denúncia alguma, pois é evidente a ausência de qualquer elemento para tanto. Seria correto se o procurador deixasse que a fase de transição para a nova Procuradoria (o mandato de Janot termina no dia 17 deste mês, quando será substituído por Raquel Dodge) ocorresse sem mais desgastes para a sua pessoa e para a própria instituição que ele dirige.
O presidente ficou eufórico?
Eufórico não, mas muito aliviado, ciente de que foi vítima de um complô. Mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, a luz da verdade iria esclarecer os fatos e demonstrar a sua absoluta inocência. Para o presidente, Deus não tardou muito, a verdade apareceu.
Que providência vai adotar?
Hoje vou requerer o acesso a essas mídias (o áudio dos executivos da J&F). Vou aguardar o presidente chegar (nesta quarta-feira, 6,) para conversar com ele.
A defesa ficou surpresa com os novos fatos?
Não. Existem fatos ilegais como a questão desse procurador (Marcelo Miller). Também o açodamento no oferecimento da denúncia (por corrupção passiva) e o envio à Câmara. Se tivessem tido mais cautela, não haveria nenhum abalo à credibilidade da Procuradoria.
A credibilidade da Procuradoria está abalada?
Sim, a credibilidade da Procuradoria-Geral está abalada. As críticas nossas ao procurador-geral estão mantidas, com a observação que, desta feita, ele (Janot) agiu como fiscal no cumprimento da lei. Espero que ele continue assim, sem oferecer denúncia e sem atirar “flechas”.
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