O dono da JBS, Joesley Batista, prometeu entregar novos áudios, que estariam armazenados no exterior, segundo noticia a “Folha de S.Paulo”. Porém, o delator quer usar a negociação desses áudios para evitar que seja rescindido o acordo feito ao entregar o áudio de sua conversa com o presidente Michel Temer, que o deixou fora da prisão.
Neste domingo (10), Joesley Batista e Ricardo Saud (também delator e executivo da JBS) se apresentaram à Polícia Federal, em São Paulto, por volta das 14 horas. A dupla teve a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que acolheu o pedido feito no sábado (9) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Com a sinalização de que tem novos áudios, Joesley Batista indica que não vê em sua prisão o desfecho da história e que tentará reverter a situação para ficar em liberdade.
Como argumento, a defesa de Joesley deve alegar que não foi rompido o acordo de delação com omissão de provas e indícios. A tese que deve ser usada é a de que os delatores não entregaram tudo que tinham, pois não eram obrigados a entregar à PGR gravações e documentos nos quais julgavam não haver indícios de crimes.
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, assumiu a defesa de Batista e Saud. Em nota divulgada ao se apresentar como defensor no caso, Kakay indicou que se houver uma quebra do acordo – que, segundo ele, ocorreu por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) e não de seus clientes – ocorrerá uma “insegurança geral” para todos os delatores.
Ele afirma que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não pode agir com “deslealdade”, pois os empresários cumpriram todas as obrigações que foram impostas pelo acordo de colaboração. “Não pode o dr. Janot agir com falta de lealdade e insinuar que o acordo de delação foi descumprido. Os clientes prestaram declarações e se colocaram sempre à disposição da Justiça”, escreveu Kakay. Janot anunciou na segunda-feira passada que abriu um procedimento de revisão do acordo dos delatores da JBS
A tensão no STF e na PGR sobre o assunto é grande. Nesta semana termina o mandato do procurador-geral, Rodrigo Janot, e são aguardadas para esse período as últimas denúncias e pedidos de prisão da lavra de Janot. No STF, a pressão é para que o ministro Edson Fachin tenha cautela sobre novos áudios, evitando homologar gravações antes de periciá-las, o que foi considerado um erro na primeira gravação, noticiada em maio deste ano.