O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, expulsou o narcotraficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, conhecido como “Marcelo Piloto”, do país. Por meio de sua conta no twitter, Benítez confirmou na manhã desta segunda-feira (19) a extradição de Piloto para o Brasil. Segundo ele, a medida foi tomada para que o Paraguai “não seja uma terra de impunidade para ninguém”, escreveu.
Segundo o governo paraguaio, Piloto deixou Assunção em um avião da Força Aérea do país com destino a Ciudad del Leste. De lá, o criminoso cruzou a fronteira e foi entregue às autoridades brasileiras em Foz do Iguaçu (PR). Piloto será transferido para o presídio federal de Catanduvas (PR), a 195 km de Foz do Iguaçu.
A extradição-relâmpago ocorre dois dias depois de o traficante Marcelo Piloto matar uma jovem de 18 anos dentro de uma cela onde estava preso em Assunção, a capital do país vizinho.
Piloto, apontado como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho no Rio, teria golpeado e esfaqueado a vítima durante uma visita privada no último sábado (17) para, segundo as investigações, evitar sua extradição ao Brasil.
LEIA TAMBÉM: Delegada que batizou a Lava Jato reforça time de Sergio Moro na transição
De acordo com a rádio 970 AM, o boletim policial aponta que Lidia Meza Burgos entrou na cela às 12h35. Por volta das 13h50, um guarda escutou Piloto gritar e, quando foi verificar, encontrou a jovem deitada no chão ensanguentada. Ela foi levada ao hospital, onde sua morte foi confirmada, e depois ao necrotério.
“Essa mulher foi ferida na cabeça, por isso o grito não foi ouvido. Depois disso, ele a esfaqueou 17 vezes com um utensílio de cozinha”, disse à rádio o subcomandante da Polícia Nacional Paraguaia, Luis Canterio. A arma foi uma faca de sobremesa.
A vítima, nascida no departamento paraguaio de São Pedro, voltou da argentina há quatro meses e há um mês cuidava de uma idosa de 90 anos. Ela morava perto do trabalho, conforme seu pai disse ao canal C9N.
LEIA TAMBÉM: Justiça proíbe TV Globo de divulgar conteúdo de inquérito de caso Marielle
Segundo o policial Canterio, era a segunda vez que Lidia visitava o traficante, a primeira havia sido em outubro. Ela seria sua parceira, embora na última sexta (16) outra mulher, Marisa de Souza Penna, tenha solicitado permissão para se casar com Piloto, o que foi negado pela juíza Lizi Sánchez, conforme o jornal La Nación.
Diferença entre extradição e expulsão
Condenado a mais de 25 anos no Brasil por um homicídio e dois roubos, Piloto tentava há meses evitar sua extradição, autorizada pela Justiça do Paraguai em 30 de setembro.
O advogado do traficante, Jorge Prieto, já havia apresentado um recurso para manter Piloto no Paraguai. “Qualquer outra estratégia que ele tenha é uma questão sua e ele não compartilhará comigo. Legalmente, cabe a ele ficar aqui, para mim há argumentos legais”, disse.
LEIA TAMBÉM: Moro não é o primeiro: os juízes que tentaram (ou fizeram) carreira política
Piloto foi expulso do Paraguai, não extraditado. As duas medidas são juridicamente diferentes. Com o assassinato da jovem, o presidente decidiu pela expulsão imediata. Segundo o Ministério Extraordinário da Segurança Pública, Piloto pode responder aqui no Brasil pelo crime que cometeu no Paraguai. O caso agora passa para a Polícia Federal.
Ficha criminal
Marcelo Piloto é apontado como chefe do tráfico de drogas do Complexo de Manguinhos, na zona norte carioca, e foi preso no dia 13 de dezembro de 2017 em uma megaoperação na cidade de Encarnación, a cerca de 360 km de Assunção.
Segundo informações do disque-denúncia, ele também foi chefe do tráfico de drogas das favelas Mandela 1, 2 e 3, igualmente na zona norte do Rio, onde ainda exerce influência. Depois, virou “matuto”, como é chamado o responsável por abastecer as facções com armas e drogas.
O criminoso estava escondido há anos no país vizinho, e a captura ocorreu com a colaboração da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), da DEA (Agência Antidrogas Americana) e da Polícia Nacional do Paraguai.
Piloto possui uma extensa ficha criminal, que inclui acusações de homicídio, tráfico e associação para o tráfico de drogas, latrocínio e roubos.
Ele é acusado de fazer parte do grupo criminoso que protagonizou o resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, em 2012. Na ocasião, um bando de dez homens fortemente armados invadiu a 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo, na zona norte do Rio, para retirar o suspeito do local.
Além de chefiar as bocas de fumo na região de Manguinhos, Piloto também já foi investigado por envolvimento em um esquema de compra ilegal de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares