Polícia Nacional do Paraguai trocou comando após traficante brasileiro matar jovem dentro da cela| Foto: Policia Nacional Paraguay/Divulgação

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, anunciou neste domingo (18) pelo Twitter que o comando da Polícia Nacional do Paraguai será trocado. Deixam seus cargos o comandante da polícia, Bartolomé Báez, e o subcomandante, Luis Pablo Cantero. Assumirão os postos, respectivamente, Gregorio Walter Vázquez Alderete, diretor do Instituto Superior de Educação Policial, e Eladio Sanabria Morán.

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O anúncio foi feito um dia após o traficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro da Veiga, conhecido como Marcelo Piloto, ser acusado de matar uma jovem de 18 anos dentro de sua cela em Assunção, capital do Paraguai. De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, a decisão de substituir o comando da polícia foi tomada após reunião do presidente com seus assessores e o Conselho de Segurança Interna.

O ministro do Interior, Juan Ernesto Villamayor, declarou ainda no domingo ter ordenado que fossem retirados do presídio todos os utensílios de cozinha de metal. Eles serão substituídos por versões de plástico, segundo informações do jornal La Nación.

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Marcelo Piloto teria esfaqueado a vítima durante visita privada no presídio

Piloto, apontado como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho no Rio, teria golpeado e esfaqueado a vítima, Lidia Meza Burgos, de 18 anos, no sábado (17), durante uma visita privada no presídio, onde ele está desde 2017, aguardando extradição para o Brasil.

Segundo a imprensa paraguaia, o boletim policial aponta que Lidia entrou na cela de Piloto às 12h35. Por volta das 13h50, um guarda escutou Piloto gritar e, quando foi verificar o que tinha acontecido, encontrou a jovem deitada no chão, ensanguentada. Ela foi levada ao hospital, onde sua morte foi confirmada.

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Luis Pablo Cantero afirmou à rádio 970 AM no sábado que a vítima foi ferida na cabeça e, por isso, seus gritos não foram ouvidos. Depois disso, ela foi atacada por 17 vezes com uma faca de cozinha.

A ministra da Mulher do Paraguai, Nilda Romero, se pronunciou sobre o caso no Twitter no sábado. “Como instituição que vela pela proteção dos direitos das mulheres, não toleramos a violência perpetrada contra a mulher em nenhuma forma. Recordamos que o Ministério da Mulher coloca à disposição das mulheres vítimas de violência serviços de assistência social, psicológica e jurídica. Basta de violência contra as mulheres!”, escreveu.

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“O ministério repudia o caso de violência extrema ocorrido, que cobrou a vida jovem de uma mulher, e insta as demais instituições competentes a tomar todas as medidas a fim de esclarecer o caso, identificar os responsáveis e aplicar as sanções devidas.”

Quem era a vítima

Nascida no departamento paraguaio de São Pedro, Lidia Meza Burgos voltou da Argentina há quatro meses e há um mês cuidava de uma idosa de 90 anos. Ela morava perto do trabalho, conforme seu pai disse ao canal C9N.

Segundo Cantero, era a segunda vez que a jovem visitava o traficante – a primeira havia sido em outubro. Ela seria sua parceira, embora, na sexta (16), outra mulher, Marisa de Souza Penna, tenha solicitado permissão para se casar com Piloto – o que foi negado pela juíza Lizi Sánchez, de acordo com o jornal La Nación.

O que pode ter motivado o assassinato

Condenado a mais de 25 anos no Brasil por um homicídio e dois roubos, Piloto tem tentado evitar sua extradição, autorizada pela Justiça do Paraguai no último dia 30 de setembro. A transferência só pode ocorrer após a conclusão de processos abertos no país vizinho.

Nesta sexta, durante o julgamento de um deles, o advogado do traficante apresentou um recurso para tentar adiar os trâmites. Agora, a morte da jovem pode prolongar ainda mais a decisão de entregá-lo às autoridades brasileiras.

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O advogado disse no sábado que seu trabalho envolve tentar mantê-lo no país com base em argumentos legais. “Qualquer outra estratégia que ele tenha é uma questão sua e ele não compartilhará comigo. Legalmente, cabe a ele ficar aqui, para mim há argumentos legais.”

Quem é Marcelo Piloto

Marcelo Piloto é apontado como chefe do tráfico de drogas do Complexo de Manguinhos, na zona norte carioca. Ele foi preso no dia 13 de dezembro de 2017 em uma megaoperação na cidade de Encarnación (a cerca de 360 km de Assunção).

Segundo informações do disque-denúncia, ele também foi chefe do tráfico de drogas das favelas Mandela 1, 2 e 3, igualmente na zona norte do Rio, onde ainda exerce influência. Depois, virou “matuto”, como é chamado o responsável por abastecer as facções com armas e drogas.

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O criminoso estava escondido há anos no país vizinho, e a captura ocorreu com a colaboração da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), da DEA (Agência Antidrogas Americana) e da Polícia Nacional do Paraguai.

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Piloto possui uma extensa ficha criminal, que inclui acusações de homicídio, tráfico e associação para o tráfico de drogas, latrocínio e roubos. Ele também é acusado de fazer parte do grupo criminoso que protagonizou o resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, em 2012. Na ocasião, um bando de dez homens fortemente armados invadiu a 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo, na zona norte do Rio, para retirar o suspeito do local.

Além de chefiar as bocas de fumo na região de Manguinhos, Piloto já foi investigado por envolvimento em um esquema de compra ilegal de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.