Em um desfile marcado pelo protesto, a Paraíso do Tuiuti levou para a Sapucaí, na madrugada de domingo, um presidente em trajes de vampiro e manifestantes em roupas amarelas sendo manipulados como fantoches. O samba enredo da escola “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, que se propôs falar sobre a persistência da escravidão no Brasil, ganhou repercussão devido às críticas ao governo do presidente Michel Temer (MDB) e à reforma trabalhista.
A escola de samba, que venceu a segunda divisão do carnaval carioca no ano passado e voltou a concorrer no grupo de elite, foi a quarta escola a desfilar na Sapucaí. O enredo do carnavalesco Jack Vasconcelos, que é professor de história, abordou a escravidão desde o século XVI, as desigualdades sociais e a precarização do trabalho, cantadas no samba como “cativeiro social”.
As últimas alas e o último carro alegórico faziam críticas à reforma trabalhista e ao governo de Temer. Um dos momentos mais polêmicos do desfile foi a representação dos manifestantes-fantoches, que estavam vestidos com camisetas amarelas, empunhando frigideiras e colheres de pau ao serem manipulados por mãos gigantes. O presidente-vampiro apareceu em uma fantasia que combinava terno, faixa presidencial, penas, brilhos e maços de dinheiro.
Assim que terminou de passar pela avenida, a Tuiuti se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter, assumindo o primeiro lugar dos trending topics no Brasil e segundo no mundo.
Usuária na rede social, a senadora paranaense e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, entrou na discussão para dar sua versão sobre o impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A senadora tuitou uma imagem do último e mais polêmico carro alegórico da Tuiuti, que trazia como destaque o presidente-vampiro, junto com a mensagem: “Escola Paraíso do Tuiuti denuncia golpe ao mundo”.