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Túlio Gadelha, dias antes da posse, no plenário da Câmara | Reprodução/Instagram
Túlio Gadelha, dias antes da posse, no plenário da Câmara| Foto: Reprodução/Instagram

Poucos dias após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais, em outubro do ano passado, o PDT anunciou a intenção em compor um bloco na Câmara junto com PSB e PCdoB. A ideia do grupo era a de formar uma frente de oposição ao presidente da República e ao mesmo tempo isolar o PT, que fora ao segundo turno contra Bolsonaro e aparecia como seu principal antagonista.

O isolamento ao PT não funcionou, já que o partido conseguiu articular um bloco com PSB, PSOL e Rede. Mas a proposta lançada ainda em 2018 mostrou a linha de como o PDT pretende ser visto nos próximos anos. O partido quer se credenciar como uma das principais forças de oposição a Jair Bolsonaro mas ao mesmo tempo não ser afetado pelo antipetismo, um dos sentimentos mais presentes na política atual. A meta é passar à sociedade a imagem de que existem opções fora do bolsonarismo e do PT. O projeto “Ciro 2022”, referência a uma nova candidatura presidencial de Ciro Gomes, já está abertamente na rua, pautado neste ideal.

Para obter sucesso na empreitada, a atuação no Congresso é uma das prioridades da legenda. O PDT saltou de 19 a 29 deputados federais, na comparação entre 2014 e 2018. E entre os representantes que tomaram posse na sexta-feira (1º) estão dois apontados como estrelas da “nova política”: a paulista Tabata Amaral, famosa por se formar em Harvard (EUA) tendo crescido na periferia de São Paulo, e o pernambucano Túlio Gadelha, nacionalmente conhecido por namorar a apresentadora Fátima Bernardes, e que quer se destacar pelo trabalho social em seu estado.

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No Senado, o partido também tem firmado alianças. O PDT confirmou na sexta-feira (25) que fará parte de um grupo com Rede, PSB e PPS, cuja pauta gira em torno de palavras-chave como “independência” e “oposição propositiva”. O principal expoente do partido na Casa será Cid Gomes (CE), que tem se revezado com o irmão Ciro em críticas ácidas ao PT.

Atuação

“Vamos ter mais protagonismo do que em legislaturas anteriores. Nós aumentamos a bancada e outros partidos tidos como grandes reduziram as suas, em especial o PSDB e o MDB. Além disso, o PT não exercerá mais a influência de antes”, resume o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), que em 2019 iniciará seu quinto mandato.

Para que esse protagonismo se concretize, segundo o parlamentar, é essencial que o partido ocupe espaços estratégicos na Câmara – e é aí que entra o apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi reeleito na sexta. Para Pompeo, estar ao lado de Maia tende a trazer mais frutos - e menos frustrações - do que um eventual apoio a um nome da esquerda.

“Na eleição passada para a presidência da Câmara o PDT bancou uma candidatura de esquerda [do seu líder, André Figueiredo (CE)]. Somando PDT, PT, PSB, PCdoB e Rede, teríamos 115 deputados. Mas quando chegou na hora da votação, ficamos com pouco mais de 50. O PT ‘negociou por detrás dos panos’ com o Rodrigo Maia. Então nós não vamos cair mais nessa”, explicou.

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Estrelas “de dentro”

Túlio Gadelha é um dos parlamentares do PDT que não mostra simpatias à candidatura de Rodrigo Maia. Independente de sua preferência, porém, o pernambucano se declara como “muito partidário”. “Eu escolhi o PDT há 12 anos, pela trajetória de figuras como Leonel Brizola e Darcy Ribeiro”, diz.

O deputado foi eleito em outubro com 75.642 votos. Número muito superior aos 3.495 obtidos em 2014. Entre uma eleição e outra, Gadelha acabou por se tornar uma celebridade fora da política, ao iniciar um namoro com a jornalista Fátima Bernardes. Mas ele busca fazer com que o relacionamento não entre no foco da sua atividade parlamentar.

“A minha vida pessoal é muito tranquila, diferente de muitos outros deputados que são envolvidos em muitos outros escândalos, pessoais e públicos. Tenho 12 anos de filiação partidária e estou há quase cinco anos à frente da fundação de estudos políticos e sociais do PDT. Acho que toda essa história dá credibilidade para construir um mandato que não tenha muito esse viés da minha vida pessoal”, aponta.

Gadelha diz que sua agenda como deputado deve se pautar na defesa dos direitos humanos. “Quero combater alguns retrocessos que estão sendo colocados, como os direcionados à população indígena e os quilombolas. Também pretendo valorizar a cultura e os pequenos produtores culturais. Somos um país extremamente criativo, mas esses produtores acabam ficando sem espaço”, relata.

A ideia de fugir da polarização PT-PSL também fica entre as prioridades de Gadelha. “É importante fortalecermos o diálogo. A esquerda brasileira chegou a um estágio nos últimos anos de forte sectarismo, a um nível em que uma simples conversa com outras forças é vista como uma ameaça. E isso é muito ruim”, afirma. Recentemente, Gadelha protagonizou um bate-boca virtual com o ator Gregório Duvivier, que o criticara por um encontro que teve com Rodrigo Maia.

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Gadelha espera um “convívio fraterno” até mesmo com Alexandre Frota (PSL-SP), a quem processou recentemente por comentários que considerou ofensivos à população de Pernambuco. “Não guardo nenhum tipo de sentimento negativo por ele. Acho apenas que ele não aprendeu a lidar com a responsabilidade do mandato de um deputado federal”, aponta.

O pernambucano é definido pelo veterano Pompeo de Mattos como uma “liderança que não caiu do céu”. “É uma figura que veio de dentro do partido, não é alguém ‘estrangeiro’ a nós”, afirma. A mesma observação é apresentada à paulista Tabata Amaral. “Nós vamos juntar esse pessoal aos mais experientes para fazer um papel importante”, declara.

Tabata, aliás, se envolveu em uma polêmica antes de tomar posse na Câmara. A jovem parlamentar conta que foi ao apartamento funcional designado pela Câmara para ela e, ao chegar no local, encontrou o filho do deputado reeleito Hildo Rocha (MDB-MA) morando no local. O rapaz se recusou a desocupar o apartamento. O pai havia se mudado para outro imóvel. Um dia depois da polêmica, a Câmara emitiu nota dizendo que o emedebista está em “processo de mudança”. O parlamentar se disse injustiçado, porque não estava ocupando dois imóveis funcionais ao mesmo tempo. Um choque entre a nova e a velha política.

Esse “papel importante” dos novatos, para Mattos, se resume na ideia de eleger Ciro Gomes em 2022. “Essa proposta vai consolidar o PDT também fora do parlamento, e, no parlamento, nós a reforçaremos. É uma via de duas mãos”, concluiu.

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