O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou nesta sexta-feira (8) as estatais brasileiras a “filhos que fugiram de casa e hoje são drogados”. Em sua visão, todas deveriam ser privatizadas, mas o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e os militares pediram que algumas estatais não sejam vendidas.
“Eu falava que tinha que vender todas [as estatais], mas naturalmente o nosso presidente, os nossos militares olham para algumas delas com carinho, como filhos, porque foram eles que as criaram. Mas eu digo: olha que seus filhos fugiram e hoje estão drogados”, disse Guedes, em evento sobre privatizações no BNDES. O ministro da Economia não citou quais estatais não serão privatizadas. Mas o governo já decidiu, por exemplo, que ficará com a Petrobras.
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Para ministro, estatais são “ninhos de corrupção”
Em discurso no evento, Guedes disse ainda que o governo brasileiro não pode mais carregar “ninhos de corrupção”, que dão prejuízo para garantir apoio político em troca de cargos públicos. “A velha política morreu. Não sabemos qual é a nova, mas sabemos que a velha política morreu. As estatais não vão alimentar mais aquela forma de fazer política”, afirmou. Ele defendeu que as privatizações podem ajudar a cortar gastos públicos e permitir foco em investimentos sociais, como saúde, educação e segurança.
No evento, o BNDES apresentou exemplos das privatizações das seis distribuidoras que eram operadas pela Eletrobras, concluído em 2018. Segundo o presidente do banco, Joaquim Levy, foram transferidos R$ 9,3 bilhões em dívidas a empresas privadas, que terão que aportar R$ 2,4 bilhões em capital e R$ 6,7 bilhões em investimentos. “Com esse processo, a gente conseguiu tirar um peso do Estado”, reforçou a secretária executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, argumentando que a situação das empresas tomavam tempo do governo e da Agência Nacional de energia Elétrica (Aneel).
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As seis empresas, que operam nas regiões Norte e Nordeste, foram vendidas em três leilões realizados em 2018, em um processo que enfrentou grande resistência de trabalhadores e políticos locais.
Privatizações devem ser descentralizadas
Guedes disse que a estratégia futura é descentralizar o processo de privatizações, com foco em empresas controladas por estados e municípios. Para isso, o BNDES está alterando sua estrutura, criando diretorias para se aproximar dos governos estaduais e prefeituras.
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A modelagem de privatizações e concessões será um dos focos do BNDES, disse o presidente do banco durante o evento. Levy afirmou que o banco continuará emprestando dinheiro, mas a juros de mercado e em parceria com o setor privado. “O BNDES vai continuar proporcionando crédito de longo prazo para investimento, mas agora já sem subsídio e com disciplina, focando realmente onde pode haver falhas de mercado e com parceiros do setor privado.”
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