O governo Jair Bolsonaro (PSL) estuda cortar recursos do Sistema S, conjunto de organizações focadas em treinamento profissional, como parte de um plano de desoneração da folha de pagamentos das empresas brasileiras. Ainda não há definição do tamanho do corte, mas, nesta segunda-feira (17), o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a falar em até 50%.
Em 2017, as instituições que são parte do sistema ficaram com R$ 16,5 bilhões de contribuições de empresas. “Como é que você pode cortar isso, cortar aquilo e não cortar o Sistema S? Tem de meter a faca no Sistema S também”, afirmou Guedes, em discurso proferido durante almoço com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
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Diante do espanto da plateia, emendou uma brincadeira: “vocês estão achando que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] perde sindicatos e aqui fica tudo igual, o almoço é bom desse jeito, ninguém contribui?”, disse, desta vez recebendo aplausos.
O Sistema S inclui instituições como Senai, Senac e Senat, que têm programas de qualificação profissional para trabalhadores da indústria, comércio e transporte, respectivamente. A avaliação do novo governo é que parte das atividades pode ser feita pela iniciativa privada.
“O esforço é verificar dentro do Sistema S quais são as atividades que têm característica de bem público, que o mercado não poderia fazer, e quais são aquelas atendidas pelo mercado”, disse à reportagem o futuro secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.
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Segundo ele, não há definição ainda no tamanho do corte nas contribuições das empresas, que variam entre 0,2% e 2,5% do montante de remuneração paga aos empregados. “O fundamental é que seja com algum sacrifício de todos, reduzindo algum privilégio”, afirmou.
No almoço com empresários, Guedes defendeu que os empresários deem também sua contribuição para o ajuste fiscal e participem das discussões. “Se chegarem uns interlocutores inteligentes, preparados, que queiram construir, como o Eduardo Eugênio [Gouveia Vieira, presidente da Firjan], a gente corta 30%. Se não tiver, é 50%.”
Previdência
Aos empresários do Rio, Guedes afirmou também que o modelo previdenciário atual é “geneticamente condenado”, mas precisa ser resolvido antes que o governo parta para a discussão de um modelo de capitalização no futuro.
“Tem esse avião antigo que é essa Previdência que já quase quebrou antes de a população envelhecer. Eu defendi abertamente que o primeiro passo seria tentar colocar esse avião para voar de novo, pelo menos três ou quatro mandatos, antes de descer novamente”, afirmou.
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Guedes defendeu que um novo modelo de capitalização significa a libertação de empresas e trabalhadores e pode permitir que o país cresça 4% a 5% ao ano.
“Vamos tentar acertar esse [modelo] que está aí e depois a gente aprofunda na libertação das gerações posteriores, democratiza o ato de poupança, liberta as empresas dos encargos trabalhistas, vai ser um choque de geração de emprego”, afirmou.
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