A Petrobras está lucrando menos com a venda de combustíveis, apesar dos aumentos de preço da gasolina e do diesel. É o que mostra o mais recente balanço da companhia, referente ao primeiro trimestre do ano.
De janeiro a março, a área de abastecimento – responsável pela produção e distribuição de combustíveis – teve lucro de R$ 3,1 bilhões, 25% menor que o do mesmo período do ano passado (R$ 4,1 bilhões). Parte desse desempenho se deve à alta das cotações do petróleo, que elevou os custos.
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Quem garantiu a melhora do resultado global da estatal no trimestre – ela lucrou quase R$ 7 bilhões ao todo, 56% acima do valor registrado um ano antes – foi outra área, a de exploração e produção (E&P). Que, ao contrário do abastecimento, foi beneficiada pela valorização do barril no mercado internacional. O aumento das cotações elevou o ganho com as exportações de petróleo, que, somado à venda dos campos de Lapa, Iara e Carcará, fez o lucro de E&P crescer 77%, para R$ 11,5 bilhões no trimestre.
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Segundo a Petrobras, a queda do lucro do abastecimento no primeiro trimestre foi provocada pela “redução das margens de comercialização” do diesel e da gasolina, pelo aumento do custo do petróleo e pela queda das vendas de derivados – principalmente de gasolina, em razão da “maior penetração do etanol”. Como as refinarias da Petrobras produziram menos, o custo de produção aumentou, o que também afetou a lucratividade. O mesmo cenário havia sido reportado no balanço de 2017, quando o resultado do abastecimento encolheu 34% em relação a 2016.
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Os relatórios indicam que, embora tenha reajustado os preços, a Petrobras não passou adiante – para as distribuidoras – todo o encarecimento do petróleo. De acordo com o primeiro balanço de 2018, o preço médio do barril do tipo brent foi de R$ 216,51 entre janeiro e março, 28% mais caro que em igual período de 2017. Enquanto isso, o preço dos “derivados básicos” no mercado interno avançou 12%, para R$ 255,61 por barril.
O impacto dos movimentos mais recentes sobre o lucro da Petrobras só será conhecido no balanço do segundo trimestre. Desde 17 de fevereiro (quando a empresa passou a divulgar o valor médio de venda dos combustíveis) e a última quarta-feira (dia 23, quando a estatal anunciou a queda de 10% no preço do diesel), gasolina e diesel subiram em média 37% nas refinarias. No mesmo intervalo, o barril do petróleo ficou 39% mais caro, em reais.
Menos gasolina, mais etanol
No balanço do primeiro trimestre, a Petrobras informou que as vendas de diesel diminuíram 5% em relação aos três primeiros meses de 2017. As de gasolina caíram ainda mais: 13%.
Ainda que a estatal não tenha repassado todo o aumento de custos ao preço da gasolina, os reajustes na bomba foram altos o suficiente para resgatar a competitividade do etanol, levando muitos motoristas a optar pelo derivado da cana-de-açúcar.
Segundo a ANP, agência reguladora do setor, as distribuidoras venderam quase 4 bilhões de litros de etanol no primeiro trimestre, 44% mais que no mesmo período de 2017. Enquanto isso, as vendas de gasolina caíram 10%, para 10 bilhões de litros.