A Petrobras pretende até junho desativar sua sede administrativa em São Paulo e lançar um novo Programa de Demissão Voluntária. Além disso, a estatal planeja fechar unidades incluídas em seu plano de desinvestimento que não despertarem interesse dos compradores, o que pode levar a mais demissões.
A medida foi anunciada em reunião nesta segunda-feira (25), na qual a companhia disse que procurará realocar pessoal, mas admitiu que não conseguirá manter todos.
“Ficará em São Paulo aquilo que é essencial, que é ultranecessário para a performance da companhia”, disse o gerente executivo de Recursos Humanos da empresa, Cláudio Costa, segundo áudio ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, cujo teor foi confirmado ao sindicato local por trabalhadores que estavam na reunião.
“Dá para absorver todo mundo que está aqui? Não. Algumas pessoas não ficarão”, completou. Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, cerca de 400 trabalhadores do local são empregados próprios da Petrobras – o restante são terceirizados.
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Chamada de Edisp, a sede administrativa de São Paulo ocupa sete andares em um edifício na avenida Paulista e abriga empregados que prestam serviços a unidades operacionais da empresa no estado e na região Sul, principalmente refinarias.
Costa sinalizou com programas para incentivar a redução de pessoal. “Algumas pessoas vão decidir por conta própria não permanecer na companhia. Os programas virão para ajudar nesse processo decisório”, afirmou. O contingente que permanecerá na capital paulista deve ficar em escritórios compartilhados.
Segundo ele, a medida tem por objetivo cortar custos. Faz parte de uma estratégia global para reduzir a presença em alguns setores e focar na geração de valor para os acionistas. Desde que assumiu o cargo, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, tem dito que a empresa vai priorizar o pré-sal.
“Eles querem levar o máximo possível de pessoas para o Rio. Mas o ideal para o trabalhador seria buscar outro prédio mais barato em outro bairro”, disse o diretor do sindicato paulista Alexandre Castilho, que pede à empresa um estudo de viabilidade dessa alternativa.
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Os trabalhadores se reunirão com sindicatos nesta quarta (27) para debater o tema. “São duas questões distintas: uma é local, sobre o edifício, a outra é a privatização do sistema de refino. O Edisp e a primeira peça de um processo de desmonte do refino”, diz o sindicalista.
A Petrobras tem quatro refinarias em São Paulo e duas no Sul. Em 2018, colocou o controle das duas unidades na região Sul à venda, mas o processo foi interrompido após liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que condicionava a venda do controle de estatais à aprovação do Congresso.
No dia 17 de janeiro, a companhia decidiu retomar o processo de venda - que inclui também um pacote com fatias em duas refinarias do Nordeste - mas não está claro ainda se o modelo será o mesmo. Castello Branco já disse que a Petrobras estudará a venda de outras refinarias.
A proposta inicial era se desfazer de 60% de duas novas empresas que controlam, cada uma, com duas refinarias, dutos e terminais. Dessa forma, a estatal repassaria a um parceiro privado cerca de 25% da capacidade nacional de refino.
Economia de R$ 100 milhões até 2023
A Petrobras diz que a desocupação do Edisp deve ser concluída até junho e vai gerar economia de R$ 100 milhões no período do plano de negócios da companhia, entre 2019 e 2023. Segundo a estatal, há estudos em curso para determinar atividades que podem migrar para outros imóveis.
“Os gestores responsáveis pelas atividades que hoje são realizadas no prédio estão avaliando quais delas realmente precisam permanecer na capital paulista e quais podem ser realocadas em outros imóveis da companhia no estado, como a sede da UO-BS [unidade operacional em Santos] ou as refinarias, ou mesmo na sede, no Rio de Janeiro”, disse a empresa, em nota.
No texto, a Petrobras confirma também estudos para programas de demissão incentivada para cortar custos, mas diz que ainda não há detalhes ou cronogramas definidos.
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