A Polícia Federal apreendeu no apartamento do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) uma série de papéis e objetos — entre eles, “diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente, dentre eles um papel azul com senhas, diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição ‘cx 2’”, segundo relatório dos investigadores enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A operação foi realizada em 18 de maio no apartamento que o parlamentar mantém na Avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro. Na ocasião, também foram levados 15 quadros e uma escultura, classificados pela PF como obras de arte. As informações são do jornal O Globo.
Também foi apreendido na residência do senador um aparelho bloqueador de sinal telefônico, um telefone celular e um pen drive. No mesmo dia, outra operação de busca e apreensão foi realizada no gabinete de Aécio no Senado, onde foram encontrados outros documentos. Foi apreendida “uma pasta transparente contendo cópias da agenda de 2016 onde verifica-se agendamento com Joesley Batista”. Também foram retiradas do local “folhas impressas contendo planilhas com indicações para cargos federais, com remuneração e direcionamento em qual partido político pertence ou foi indicado”.
A PF também encontrou no gabinete de Aécio “folhas impressas no idioma aparentemente alemão, relativo a Norbert Muller”. De acordo com outras investigações, Muller era um doleiro especializado em abrir contas no exterior para políticos.
A PF também encontrou uma “folha manuscrita contendo dados de CNO (Construtora Norberto Odebrecht)” e um “caderno utilizado para realizar agendamentos, tendo presente Joesley Batista”, também de acordo com o relatório produzido pelos investigadores. Num outro papel manuscrito, havia anotações citando “ministro Marcelo Dantas”, em possível alusão ao ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), investigado no STF por tentativa de obstruir as investigações da Lava Jato. Havia no gabinete também “folhas manuscritas contendo correlação entre inquérito e termos de colaboração”.
Assessor escondeu R$ 480 mil na casa da sogra
No dia 17 de maio, quando veio à tona o teor da delação da JBS e o suposto esquema de propina do qual Aécio Neves teria se beneficiado, o secretário parlamentar Mendherson Souza Lima escondeu com a sogra os R$ 480 mil que tinha em casa. Secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), Mendhelson é suspeito de ter transportado o dinheiro pedido por Aécio à JBS.
Segundo relatório da Polícia Federal enviado ao STF, quando os investigadores chegaram na casa do assessor, em Belo Horizonte, no dia 18, ele acabou confessando que no dia anterior tinha acomodado os R$ 480 mil em duas sacolas e levou o dinheiro até Nova Lima, onde mora a sogra. Mendherson disse que a sogra não sabia do conteúdo das sacolas. Ele teria agido dessa forma porque ficou “assustado” com as notícias de delação da JBS.
Os policiais foram até a casa da sogra de Mendherson no mesmo dia e encontraram as duas sacolas lá, “com diversos pacotes com cédulas de 100 reais, escondidas num dos quartos da residência”. Segundo o assessor, o dinheiro tinha sido buscado em São Paulo no dia 3 de maio. Ele não informou se o montante era parte dos R$ 2 milhões que Aécio pediu a Joesley Batista.
OUTRO LADO
O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio Neves, enviou nota de esclarecimento:
“A defesa do senador Aécio Neves lamenta que citações sem qualquer informação real sobre a que se referem, ou mesmo alguma contextualização que permitam o seu devido esclarecimento, estejam sendo divulgadas para a imprensa por agentes públicos envolvidos na investigação em curso.
Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade. O senador Aécio reitera que, em toda sua vida pública, nas campanhas de que participou, agiu de acordo com o que determina a lei.
O senador está à disposição da Justiça para ser ouvido e esclarecer o que for necessário.”
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