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| Foto: Lula Marques/Agência PT

A Polícia Federal encaminhou 82 perguntas para o presidente Michel Temer responder acerca do áudio de uma conversa gravada entre ele e o empresário Joesley Batista, sócio do grupo J&F, que controla a JBS. As questões fazem parte do inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente, que é investigado pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça com base na delação premiada de executivos da JBS.

Em tese, Temer tem 24 horas para prestar os esclarecimentos por escrito à PF, conforme decisão da Justiça, mas o próprio ministro do STF Edson Fachin disse que o peemedebista não é obrigado a responder as perguntas e tem o direito de permanecer em silêncio.

Temer mergulhou em sua pior crise política após ser gravado na noite de 7 de março por Joesley Batista, no Palácio do Jaburu. O conteúdo do áudio é peça chave do inquérito da Polícia Federal que põe o presidente sob suspeita. Joesley fez a gravação às escondidas - o presidente não sabia que em sua visita no Jaburu o empresário estava munido de um gravador.

Na conversa, Joesley narrou a Temer uma rotina de crimes, como a suposta compra de dois juízes e de um procurador da República, além do pagamento de mesada a Eduardo Cunha em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara, preso desde outubro de 2016 na Operação Lava Jato.

Segundo os investigadores, a reunião serviu para Temer “escalar” o então deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor presidencial, como seu interlocutor com a JBS para tratar dos interesses do grupo no governo. Temer alega que o áudio foi “manipulado, adulterado” e, por isso, está sendo submetido a uma perícia no Instituto Nacional de Criminalística, braço da Polícia Federal. Rocha Loures foi preso no último sábado por determinação do ministro Edson Fachin.

O horário de devolução das perguntas da PF será perto do início da retomada do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral. Os ministros vão decidir a partir desta terça (6), às 19 horas, se vão cassar a chapa presidencial de 2014, formada por Dilma Rousseff-Michel Temer, o que pode levar ao afastamento do presidente.

Constrangimento

A defesa de Temer acredita que o envio das perguntas um dia antes do início do julgamento do TSE tem o objetivo de “constranger” e “influenciar” a corte a condenar o presidente.

O advogado do presidente no TSE, Gustavo Guedes, disse no domingo (4) que era “legítimo” que a mesma agilidade em pedir que o presidente fosse ouvido fosse aplicada no envio das perguntas. “Querem enviar na segunda, para dar as 24 horas na terça, às 19h, quando começa o julgamento?”, questionou.

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