| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A Polícia Federal investiga indícios de que o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente nacional do Solidariedade e dirigente licenciado da Força Sindical, usava contas da mulher para o recebimento de propinas. A informação consta de relatório da Operação Registro Espúrio, que apura supostas fraudes no Ministério do Trabalho para a liberação de recursos a entidades sindicais.

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Numa ação de busca e apreensão na sede da Força Sindical, os investigadores encontraram em uma gaveta cinco cheques da esposa do parlamentar, Samanta Gomes Silva Costa, nominais a ela própria. Paulinho da Força nega qualquer irregularidade.

Eles totalizam R$ 304,9 mil. Anotações nas folhas indicam que foram emitidos e sacados entre 21 e 27 de dezembro de 2017.

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“Considerando o vulto dos valores, o local onde as cópias das cártulas foram localizadas (sede da Força Sindical, entidade que não possui nenhuma vinculação com ela) e a circunstância dos montantes terem sido aparentemente sacados em espécie, infere-se que o deputado Paulo Pereira da Silva pode estar utilizando as contas de sua esposa para ocultar/dissimular o recebimento de vantagens ilícitas”, escreveu o delegado Leo Garrido de Salles Meira.

Ele sustenta que na mesma situação está Wandernádia Chaves de Lacerda. Ela é assessora de Paulinho e mulher de Carlos Cavalcante de Lacerda, ex-secretário de Relações de Trabalho do ministério – ligado ao deputado e também alvo da Registro Espúrio.

O relatório da PF registra que ela movimenta intensamente contas bancárias, algumas delas omitidas em sua declaração de Imposto de Renda. Na conta da Caixa, em nome da assessora, a PF identificou depósitos fracionados que, em seu entendimento, “podem configurar” burla “aos mecanismos de controle para comunicação de transação financeira”.

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“Ressalta-se que Wandernádia é assessora parlamentar de Paulinho da Força e aufere cerca de R$ 6.000,00. No entanto, as movimentações bancárias visualizadas nos documentos indicam, preliminarmente, uma incompatibilidade”, informou o delegado, acrescentando que um veículo em nome dela teve 50% pagos em espécie.

“Vê-se, portanto, que são fortes os elementos no sentido de que Carlos Lacerda se utiliza de sua esposa para ocultar/dissimular o pagamento de propina”, afirmou o delegado. Com base nas informações, para aprofundar as investigações, ele pediu a quebra do sigilo bancário dos dois casais e de outros investigados.

Chefe de gabinete foi preso

Nesta terça-feira (18), a PF deflagrou a quarta fase da Registro Espúrio, que mira um suposto esquema de fraude em processos de restituição de contribuições sindicais. Sete pessoas foram presas, entre elas o chefe de gabinete de Paulinho, Marcelo de Lima Cavalcanti. Ele mora no apartamento funcional de Paulinho, local que, segundo a PF, era ponto de encontro de investigados.

Numa apreensão, os investigadores acharam chaves do imóvel no bolso do paletó de Lacerda. “Constata-se que apartamento funcional ocupado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, onde também reside Marcelo Cavalcanti, funciona, ao que parece, como uma espécie de ‘quartel-general’ do crime, servindo de ponto de encontro para as tratativas pessoais dos integrantes do subnúcleo [investigado], interpretou Garrido.

Paulinho informou, por meio de notas de sua assessoria, que a PF trata de cópias de cheques pessoais de sua esposa. “São saques efetuados pela mesma em sua conta pessoal, referentes a movimentações financeiras condizentes com suas rendas declaradas”, afirmou. Ele disse que “não há qualquer movimentação de recursos que fuja a normalidade ou que não seja relacionada com os rendimentos provenientes de suas atividades profissionais”.

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Sobre as outras suspeitas lançadas pela PF na operação, o deputado alegou ser “o maior defensor da pauta trabalhista no Congresso Nacional e que, por isso, tem incomodado diversas pessoas com sua atuação incisiva na defesa do trabalhador brasileiro”.

Ele acrescentou que a citação de seu chefe de gabinete, Marcelo, “não possui nenhuma procedência, senão [o interesse de] denegrir a imagem do parlamentar, uma vez que se aproximam as eleições, e criminalizar o movimento sindical”. “O deputado, assim como o seu chefe de gabinete, estão à disposição das autoridades e acreditam plenamente no trabalho da Justiça para o esclarecimento dos fatos.”

O advogado de Lacerda, Sergio Moraes, afirmou, também por escrito, que somente se manifestará sobre o mérito da investigação após obter cópia integral dos autos. “A partir de então será possível confrontar, com base em fatos e provas, o equívoco incorrido pela autoridade policial ao promover tais conjecturas e ilações”.