O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, disse nesta quinta-feira (21), em Curitiba, que a PF pretende concluir as investigações da Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) antes das eleições de 2018.
Segundo Segóvia, são 273 investigações de crimes no STF, onde tramitam os inquéritos envolvendo pessoas com prerrogativa de foro, como deputados, senadores e ministros. O pedido para dar celeridade às investigações teria partido da presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, e da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
“Hoje há uma grande demanda de 273 investigações de crimes do Supremo Tribunal Federal que se encontram na Polícia Federal. Há uma demanda da ministra Carmén Lúcia, da própria Raquel Dodge, de que essas investigações tenham uma conclusão o mais rápido possível, se possível antes da próxima eleição de outubro do ano que vem”, disse Segovia, que esteve em Curitiba para a posse do novo superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo. “Foi feito exatamente esse planejamento para que possamos encerrar antes das eleições todas as investigações que estão no Supremo Tribunal Federal.”
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Mais gente para a Lava Jato do Paraná
De acordo com Segovia, o recrutamento de mais agentes para trabalhar nas investigações começa no dia 2 de janeiro. O diretor-geral da PF esteve pela manhã em uma reunião com o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, em Curitiba. E prometeu aumentar o efetivo que comanda as investigações da Lava Jato no Paraná.
O efetivo atual da PF do Paraná é de 32 pessoas trabalhando na delegacia de combate ao crime organizado – que investiga não apenas casos da Lava Jato. E a expectativa é de aumentar esse número para 50 investigadores, delegados e peritos em 2018.
O crescimento da equipe é necessário, segundo o diretor-geral da PF, por causa do aumento na demanda. “Esse aumento de demanda do trabalho vem de uma avaliação feita pelo doutor Rosalvo [Ferreira Franco, ex-superintendente no Paraná] e da qual agora o doutor [Maurício] Valeixo está avaliando. Eles estão fazendo um planejamento para que haja não só a conclusão de várias investigações, como também a ampliação de algumas novas investigações que estão sendo primeiramente planejadas para 2018”, disse Segovia.
Segóvia esteve em Curitiba para a posse do novo superintendente regional da PF no Paraná, Maurício Valeixo, nesta quinta-feira (21). Valeixo assume o cargo deixado por Rosalvo Ferreira Franco, que acaba de se aposentar, depois de comandar por quatro anos e oito meses a Superintendência no Paraná.
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Momento é de renovação da fé
“O Natal é um momento de renovação e aqui estamos em um momento de renovação. Renovação de esperança, de fé no futuro e fé no Brasil. Aqui, no estado do Paraná, a gente viu ao longo dos últimos quatro anos o renascimento dessa esperança, uma esperança de um Brasil melhor, uma esperança no combate a corrupção. Uma esperança que cada um dos cidadãos deposita no combate aos crimes que estão sendo perpetrados contra a sociedade brasileira. E, exatamente aqui no Paraná, eu acredito, doutor Valeixo, que o senhor terá uma enorme missão de continuidade dos trabalhos do doutor Rosalvo”, disse Segovia, durante a cerimônia de posse.
Segundo o diretor-geral da PF, entre os objetivos traçados pela administração central da PF estão o combate à corrupção e ao crime organizado. “Contamos com todos os servidores da Polícia Federal, de norte a sul, para que a gente cumpra essa missão de entregar um Brasil melhor no final de 2018, após processo eleitoral difícil que nos espera em 2018.”
Delegacia modelo
Em seu discurso ao tomar posse, Valeixo procurou amenizar especulações sobre a troca no comando da Superintendência da PF no Paraná, onde correm as investigações da Lava Jato.
“Reconheço, doutor Rosalvo, que quando determinados temas envolvem a Superintendência do Paraná, sempre gera muitas especulações e expectativas. E com certeza esse processo de sua substituição não seria diferente”, disse Valeixo.
“Mas para aqueles que desconhecem, eu como diretor de combate ao crime organizado, há mais de dois anos, já acompanhava todos os trabalhos sensíveis produzidos pela Delegacia Geral de Combate ao Crime Organizado no Paraná, apoiando nas demandas apresentadas ao diretor geral, seja de natureza material, financeira ou de recrutamento de pessoal.”
Valeixo aproveitou a posse para anunciar a criação de uma delegacia modelo na área de investigação envolvendo crimes de desvios de recursos públicos, corrupção, crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. A ideia é que servidores de outros estados façam estágios com delegados do Paraná em casos práticos e depois levem o aprendizado para ser replicado em outros estados. Segundo Valeixo, o projeto já foi oficializado e enviado para Brasília. Para entrar em vigor, ainda é preciso que o projeto seja aprovado.
Valeixo é delegado da Polícia Federal desde 1996 e já ocupou o cargo de Superintendente da PF no Paraná de 2009 a 2011. Em Brasília, foi diretor de inteligência policial e há dois anos estava na Diretoria de Combate ao Crime Organizado.
Despedida de Rosalvo
O ex-superintendente Rosalvo Ferreira Franco se despediu depois de quatro anos e oito meses no comando da PF no Paraná. Ele destacou a relação de amizade e companheirismo que mantem com Valeixo, seu sucessor.
“Tenho certeza que vossa excelência tem a maturidade e a capacidade necessárias para conduzir com responsabilidade o presente e o futuro da nossa instituição”, disse Franco, que foi aplaudido de pé pelos colegas que assistiam à cerimônia.
Autoridades prestigiaram a posse
Diversas autoridades estiveram presentes na posse do novo superintendente da PF no Paraná. O juiz federal Sergio Moro esteve no evento, assim como os magistrados Danilo Pereira Junior e Marcos Josegrei da Silva, também da Justiça Federal de Curitiba. O diretor do foro da Seção Judiciária do Paraná, Marcelo Malucelli, também esteve na posse.
O Ministério Público Federal (MPF) marcou presença. Estiveram na posse os procuradores da Lava Jato Diogo Castor de Mattos e Roberson Pozzobon, além da procuradora chefe do MPF-PR, Paula Conti.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, foi outro participou do evento. O ex-superintendente da PF no Paraná José Alberto Iegas e o deputado federal Fernando Francischini (SD-PR) também prestigiaram o novo comandante da Polícia Federal no estado, apesar de serem de grupos opostos ao de Valeixo na instituição.
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