Os peritos da Polícia Federal que analisam a gravação feita pelo empresário Joesley Batista com o presidente Michel Temer já recuperaram alguns trechos da conversa que estavam inaudíveis, segundo reportagem do Jornal Hoje desta terça-feira (13). Os áudios e o gravador apresentados pelo empresário na colaboração premiada fechada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) estão passando por perícia da PF por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, e a pedido da defesa de Temer.
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A expectativa é que o laudo final da perícia seja entregue daqui uma semana, na quarta-feira (21), mas já é possível tirar algumas conclusões das análises preliminares. Foram detectadas interrupções nas gravações, mas ainda não é possível ter certeza se elas foram provocadas por uma falha do próprio gravador ou se são indícios de alguma manipulação para mudar intencionalmente o teor das conversas.
Os peritos estão fazendo simulações de gravação com o equipamento, transcrevendo a íntegra das conversas com os trechos que estavam inaudíveis e comparando barulhos presentes nos áudios para saber se são de ruídos externos.
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No dia 7 de março deste ano, Temer recebeu Joesley no Palácio do Alvorada, à noite, em compromisso fora da agenda oficial. Munido de um gravador, o empresário grampeou o diálogo que travou com o presidente da República. Entre outras coisas, falaram sobre uma suposta mesada paga ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para ele se manter em silêncio e sobre a “compra” de dois juízes e de um procurador para obter informações privilegiadas e decisões favoráveis ao grupo J&F, dona da JBS.
Temer também designa o então assessor Rodrigo Rocha Loures como emissário para atender alguns pedidos da empresa. Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil em propina paga pela JBS e está preso em Brasília.
São essas gravações que baseiam o acordo de delação premiada do executivo e foram entregues à PGR. A defesa de Temer pôs em dúvida a veracidade das gravações, apresentando o resultado de uma perícia independente feita pelo experiente perito Ricardo Molina. Diante disso, o STF requisitou a perícia da PF.
O advogado Francisco de Assis e Silva, que coordenou a delação dos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, nega que tenha havido qualquer edição na gravação da conversa de Joesley com o presidente Temer. Segundo o advogado, a gravação pode estar mal feita por ter sido realizada por um amador, mas não sofreu qualquer modificação.
Temer é alvo de um inquérito da PF aberto com autorização do STF. Ele é investigado por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa. Na segunda (12), Fachin prorrogou em cinco dias o prazo para conclusão do inquérito atendendo a pedido da PF. O prazo de dez dias concedido inicialmente para a conclusão da investigação terminou nesta terça-feira (13).
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