A Operação Lava Jato pode começar 2018 com menos força por causa de uma decisão da Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo uma reportagem publicada neste sábado (2) pelo jornal O Globo, o secretário-geral da PGR, Alexandre Camanho, teria enviado um ofício ao coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, pedindo a devolução de nove cargos para reforço em outras investigações.
Os cargos seriam de assessores que auxiliam os procuradores nas investigações, o que reduziria a capacidade de trabalho da força-tarefa. Os assessores devem atuar na Lava Jato apenas até o final deste ano. Segundo a reportagem, o ofício deixa aberta a possibilidade de prorrogar o empréstimo dos profissionais.
O empréstimo de pessoal já causou polêmica antes mesmo da procuradora-geral Raquel Dodge assumir o cargo neste ano. Em abril, durante reunião do Conselho Superior do Ministério Público, havia apresentado uma proposta de resolução para limitar em 10% o número de procuradores de cada estado que poderia ser cedido a operações especiais – como a Lava Jato. Segundo a subprocuradora, a ideia é que as unidades do MPF não ficassem desfalcadas para poder desempenhar outras atividades importantes. Rodrigo Janot, que era procurador-geral à época, criticou a proposta de Dodge, afirmando que a resolução iria afetar a Lava Jato.
Atualmente, a força-tarefa em Curitiba conta com 11 procuradores da República que atuam exclusivamente no caso. O grupo de trabalho foi prorrogado ainda na gestão de Janot e segue pelo menos até o segundo semestre de 2018.
Os procuradores acreditam que um número grande de processos pode vir para investigação em primeira instância a depender do resultado da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em restringir o foro privilegiado de políticos. Em entrevista à Gazeta do Povo no mês passado, o procurador Carlos Fernando Lima disse que se o entendimento do Supremo for pela restrição ao foro para apenas atos praticados após a diplomação, haverá um boom de processos em primeira instância.
O STF começou a votar o caso, mas o ministro Dias Toffoli pediu vistas, mesmo depois da maioria formada pela restrição do foro. O Congresso também avalia uma proposta para acabar com o foro. O projeto já foi aprovado no Senado e aguarda tramitação na Câmara.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público federal (MPF) em Curitiba, mas ainda não obteve resposta sobre o possível desfalque da força-tarefa.
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