O inquérito que deu origem à Operação Lava Jato, em Curitiba, que teve sua primeira fase deflagrada em 14 de março de 2014, foi encerrado pela Polícia Federal em maio, sem o alarde feito sobre a decisão desta quinta-feira (6) de dissolver o grupo de trabalho de policiais que atuavam exclusivamente no escândalo Petrobras. A investigação tinha como alvo a atuação do doleiro Alberto Youssef na lavagem de R$ 1,4 milhão, do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010 –, no Posto da Torre em Brasília, do doleiro Carlos Habib Chater.
“O presente inquérito policial foi instaurado em 2013 com o objetivo de instruir parte da investigação que posteriormente ficou conhecida como Operação Lava Jato”, informa despacho do dia 15 de maio, assinado pelo delegado Igor Romário de Paula, da PF de Curitiba.
O inquérito-mãe originou muitas outras investigações que seguem em andamento em Brasília e outro estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
O inquérito policial 1.041/2013 foi aberto em 8 de novembro de 2013, pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, que iniciou as investigações que desencadearam a primeira fase da Lava Jato, que prendeu em março de 2014 o doleiro Youssef – velho conhecido da Justiça Federal, do Caso Banestado – e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
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O inquérito nasceu de uma descoberta feita por Anselmo nas escutas telefônicas que tinham sido autorizadas pelo juiz federal Sergio Moro, nos telefones da lavanderia de dinheiro de Chater. “No curso da interceptação, surgiram, porém, indícios de práticas de crimes por terceiros que não compõem o grupo criminoso dirigido por Carlos Chater, em espécie de encontro fortuito de provas”, escreveu Moro, ao autorizar as investigações desmembradas de um inquérito aberto ainda em 2009.
“O presente feito desmembrado teria por objeto as atividades do suposto operador de câmbio negro Alberto Youssef, personagem notoriamente atuante no mercado paralelo de câmbio, cujas atividades ficaram conhecidas no assim denominado ‘Caso Banestado’”, informa Moro, em despacho do dia 8 de novembro de 2013.
Desmonte
O encerramento do inquérito-mãe da Lava Jato tem caráter simbólico, mas acontece em um momento em que policiais e procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal acusam um “desmonte” da equipe que iniciou as investigações, em Curitiba.
Na quinta (6), a PF comunicou oficialmente que o grupo de trabalho da Lava Jato passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). Na prática, os seis delegados que restaram na equipe – que já teve 9 – deixaram de trabalhar exclusivamente no caso Petrobras.
“Conforme se observa em fls. 138/165, o procedimento já se encontra relatado e com as respectivas ações penais concluídas em primeira instância”, explica Igor, no despacho. “Os autos têm sido mantidos em andamento no âmbito policial para atendimento a demandas secundárias, como por exemplo, a definição de incidentes de restituição de bens apreendidos.”
Segundo o delegado, que coordenada os policiais da Lava Jato e decidiu pelo fim do grupo de trabalho, “no que se refere às providências de investigação a cargo da Polícia Federal, não existem mais demandas a serem solucionadas nestes autos”.
“Nesse sentido e por considerar desnecessária a tramitação física destes autos, uma vez confirmado o carregamento integral de todos os documentos até então juntados ao procedimento físico encaminhe-se os autos para o arquivamento no âmbito da Polícia Federal.”
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