A candidata laranja do PSL Maria de Lourdes Paixão, que recebeu R$ 400 mil de verba pública eleitoral a quatro dias da eleição e declarou ter gasto R$ 380 mil numa gráfica de fachada, presta depoimento na manhã desta quarta-feira (20) na Polícia Federal.
Reportagem da Folha de S.Paulo, publicada no dia 10 de fevereiro, revelou que o grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, foi o responsável pela criação da candidatura.
Maria de Lourdes Paixão, que teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hassenlmann, que teve 1,079 milhão de votos.
Maria de Lourdes chegou à Superintendência da Polícia Federal no Recife às 8h50. Estava acompanhada de seu advogado, Ademar Rigueira.
Ele informou que sua cliente não iria falar com a imprensa. A Polícia Federal comunicou que o depoimento dela é um Registro Especial, procedimento anterior à abertura do inquérito policial.
O teor será encaminhado à Justiça Eleitoral. Posteriormente, o poder judiciário vai requisitar a instauração da investigação.
O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (18), era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), com foco em discurso de ética e combate à corrupção.
O depoimento de Maria de Lourdes deveria ter ocorrido na semana passada, mas foi adiado.
Apesar de ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.
No dia 8 de fevereiro, a reportagem da Folha de S.Paulo visitou primeiramente um endereço que consta na nota fiscal da gráfica Itapissu, no bairro Arruda, na capital pernambucana, e encontrou apenas uma oficina de carros, que funciona há quase um ano no local.
No dia 11, um dia após a publicação da reportagem, a empresa, no endereço constante na Receita Federal, amanheceu de porta aberta. Numa sala pequena com duas mesas, não havia máquinas para impressão em larga escala.
No imóvel informado na Receita, localizado no número 345 da avenida Santos Dumont, há um café instalado no térreo e um espaço para aulas de reforço.
Ao ser questionada, a empresa, por meio do advogado, não informou onde o material da candidata havia sido rodado.
Na quarta (13), a Folha de S.Paulo revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada.
Já na quinta-feira (14), a Folha mostrou que uma gráfica de pequeno porte de um membro do diretório estadual do PSL foi a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas eleições -sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário na empresa da cidade de Amaraji, interior de Pernambuco.