Carro onde estava a vereadora Marielle Franco é guinchado pela polícia.| Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

Imagens de dezenas de câmeras de segurança do centro do Rio e do Estácio estão sendo analisadas pro agentes da Delegacia de Homicídio para esclarecer a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).

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O trajeto de cerca de quatro quilômetros percorrido pela vereadora desde a Câmara Municipal até o local do crime na noite desta quarta (14) é investigado. Antes de ser assassinada, Marielle participou de uma “roda de conversa: Jovens Negras Movendo as Estruturas” na rua dos Inválidos, no centro do Rio.

Oito equipes da Delegacia de Homicídio estão coletando imagens e verificando desde quando o carro de Marielle começou a ser perseguido pelos criminosos.

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O chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, admitiu que o crime pode ter sido uma “execução”. “Toda a investigação está sob sigilo. Uma das possibilidades é de execução”, afirmou Barbosa, no início da tarde desta quinta (15). “Estamos diante de um caso extremamente grave que atenta contra a dignidade da pessoa humana, que atenta contra a democracia”, acrescentou.

Pouco antes, o chefe da Polícia Civil participara de uma reunião com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). Barbosa disse que era amigo de Marielle.

A vereadora era aliada de Marcelo Freixo , que ficou em segundo lugar na eleição para prefeito do Rio. Marielle é nascida e criada no complexo de favelas da Maré, uma das regiões mais violentas da cidade.

No mês passado, ela foi nomeada relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal no Rio. Marielle era contra a ação do governo federal. No dia 10, ela publicou um texto em suas redes sociais denunciando abusos do 41º batalhão da PM contra moradores da favela de Acari. 

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Quatro tiros de pistola na cabeça Marielle foi morta na noite de quarta (14) com quatro tiros de pistola nove milímetros. O motorista Anderson Pedro Gomes também morreu na ação dos criminosos. Ele foi atingido por três tiros.

Fernanda Chaves, assessora da vereadora, sobreviveu. Ela foi ferida por estilhaços e prestou depoimento aos policiais na madrugada desta quinta.

O assassinato da vereadora Marielle Franco, 38, ocorreu dois dias antes de a intervenção federal na segurança pública do estado completar um mês. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.

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O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado. 

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente no ano passado 134 policiais militares foram assassinados no estado.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.