A praia de Copacabana foi palco na manhã deste domingo (25), de manifestação em homenagem aos policias militares que perdem a vida em combate. Somente este ano, no Rio, já são 28 homens mortos em serviço, e que deixaram para trás mães, mulheres e filhos.
Os mais homenageados foram o soldado Filipe Santos de Mesquita, de 28 anos, morto na semana passada na Rocinha, favela da zona sul da cidade, onde trabalhava em uma Unidade de Polícia Pacificadora, e um morador da Rocinha conhecido como Marechal, que segundo moradores, teria tentado ajudar Mesquita.
A mãe do soldado, Regina Mesquita, foi uma das mães mais aplaudidas pelas cerca de mil pessoas presentes ao evento, entre manifestantes e pessoas que passavam em direção à praia e paravam para escutar.
Regina lembrou que Felipe trancou a faculdade de Engenharia para virar policial e dizia sempre para ela não chorar se ele não voltasse do trabalho. "Ele dizia que se acontecesse alguma coisa ele ia feliz, porque fazia o que queria", disse aos prantos, emocionando a plateia formada principalmente de familiares de policiais.
Para Erica Santos, de 24 anos, esposa de policial, o que falta na polícia é estrutura para trabalhar, visto que os bandidos estão mais bem armados. "Tem que ter mudança no Estado, eles estão sendo mortos, ninguém sabe mais se volta", afirmou.
Um pouco antes da marcha seguir caminho pela orla da praia, o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato à presidência da República pelo Partido Social Liberal (PSL), chegou acompanhado de dois dos seus três filhos - todos políticos -, e foi recebido aos gritos de "Mito! Mito" pelos manifestantes e discursou por cerca de 10 minutos.
Bolsonaro acusou a Justiça brasileira de privilegiar bandidos e defendeu o armamento da população para combater a violência. Ele criticou as punições dadas aos policiais que matam bandidos em serviço, afirmando que desta maneira "quem tem retaguarda jurídica é o marginal".
"A violência se combate com energia, e se for o caso com mais violência ainda, se vocês têm um fuzil para colocar no peito ou uma pistola para colocar na cintura, é porque o Estado deu essas ferramentas para vocês, essa arma é para ser usada. Se atira, o policial sabe qual o destino dele, e se não atira também, ou vai para a cova ou para o batalhão prisional", disse o deputado, sendo muito aplaudido.
Bolsonaro justificou a defesa do armamento da população para combater a violência com o fato de os Estados Unidos, onde o armamento é liberado, ter, segundo ele, índices de violência oito vezes menor do que no Brasil. Ele defende também que o policial tenha o direito de matar sem ser punido, o que, na opinião dele, é a solução para a violência do Rio.
"Se o presidente da República tivesse o mínimo de vergonha na cara, como esse picareta do Temer não tem, e se o presidente da Câmara dos Deputados também tivesse vergonha na cara teria derrubado essa resolução chamada audiência de custodia, que nem lei é, é uma decisão do Conselho Nacional de Justiça", disse em discurso em cima do carro de som.
A audiência de custódia coloca frente à frente o autuado e o juiz, para sejam assegurados o respeito aos direitos fundamentais da pessoa submetida à prisão.
Vestindo rapidamente a camisa preta de apoio ao candidato do PSL ao chegar ao evento, sem se importar com o forte sol de perto do meio dia, o estudante Renato Brito, 26, disse que vai votar em Bolsonaro porque é o melhor candidato a presidente. "Concordo com armamento, concordo com tudo o que ele diz, não podemos ter mais policiais mortos", declarou.
Para Aline Rodrigues, 34, o político também é a solução. "Ele dá a cara pra bater e não tem medo de defender a redução da maioridade penal, lógico que eu voto nele", afirmou.
Coordenador do projeto Centro Presente, o major Marcio Rocha estimou o público da manifestação em 2 mil pessoas. Orgulhoso de poder usar o colete do Centro Presente na manifestação, por não se caracterizar como farda, ele disse acreditar que o evento deste domingo possa chamar a atenção para a valorização da vida dos policiais.
"É um pacto pela valorização da vida, estamos homenageando todos os mortos de 2018 nessa violência do Rio. Nossa intenção é de que a intervenção federal fortaleça o setor da segurança. Temos que celebrar a vida e fortalecer as instituições", afirmou, saindo em marcha enquanto eram lidos os nomes dos policiais mortos e as datas das suas mortes. A cada nome, os manifestantes respondiam "presente", como uma forma de homenagem.
Um pouco afastado do evento dos policiais, e com poucos adeptos, o Movimento Brasil Livre (MBL) convocava os que não seguiriam na marcha dos policiais para perto do seu carro de som, que contava com umas dez pessoas. De acordo com um dos coordenadores Silvano Fontes, o MBL decidiu fazer um ato de apoio à intervenção militar no Rio e aproveitou para apoiar os policiais. "É um evento e dois movimentos, somos em prol da intervenção, e isso inclui a defesa dos policias", explicou.
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