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 | Marcelo Andrade    /    Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

A Caixa Econômica Federal detém R$ 1,3 trilhão em ativos, administrando um total de R$ 2,2 trilhões, que se compara por exemplo a toda a riqueza gerada por um país do tamanho da Suíça. A grande quantidade de recursos geridos pelo banco, que incluem serviços prestados em nome do governo federal e valores do fundo de garantia dos trabalhadores, somado à forma antiquada de administração estatal do banco, tornam a Caixa um paraíso para atuação política e para o “toma lá dá cá” entre os poderosos. 

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Cabe à Caixa ser o banco que opera financeiramente as políticas públicas da União. Estatal e sem capital aberto, o banco centraliza o recolhimento e aplicação de todos os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), guardando recursos de milhões de brasileiros. Até os empréstimos para estados e municípios com recursos do Tesouro Nacional são pagos pelo banco, que ainda opera o financiamento estudantil e tantas outras operações que o governo federal precisa realizar.

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Quem decide como esses recursos serão aplicados? Políticos indicados pelo governo de turno, que ocupam os principais cargos no banco. Depois da criação da Lei das Estatais e reformulações na gestão da Petrobras, Eletrobras e do BNDES, a Caixa foi mantida como um reduto de políticas abusivas, mantendo práticas desgastadas de divisão de pedaços da “coisa pública” com partidos e mandatários do poder. 

Na semana passada, quatro vice-presidentes do banco foram afastados, sob suspeita de corrupção. Nas vice-presidências e presidência do banco, já passaram diversos aliados políticos do atual governo e dos anteriores, como Miriam Belchior (PT), Geddel Vieira Lima (PMDB), e Fábio Cleto (ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do PMDB). O atual presidente do banco é Gilberto Occhi, indicado pelo Partido Progressista.

Listamos abaixo algumas das cifras bilionárias da Caixa. Os dados consideram resultados de janeiro a setembro de 2017, do mais recente balanço divulgado pelo banco: 

FGTS e FI-FGTS: R$ 833 bilhões 

O saldo do FGTS depositado na Caixa chegou a R$ 505,8 bilhões e os Fundos de Investimentos totalizaram R$ 328,9 bilhões. Esse dinheiro é emprestado a empresas, para realização de obras de infraestrutura, por exemplo. As decisões de quem receberá tais financiamentos são tomadas pelo Conselho Curador do FGTS, e recentes operações policiais já apontaram influência política na liberação desses valores, para empresas que pagavam propinas a partidos políticos. 

A arrecadação do FGTS (apenas os novos depósitos, não o total do estoque) atingiu R$ 92,1 bilhões de janeiro a setembro de 2017 e os saques incluindo o pagamento das contas inativas, totalizaram R$ 139,9 bilhões. 

Carteiras de Crédito: R$ 712 bilhões 

Cabe ao banco receber e administrar recursos da poupança de todos os bancos do país, destinando parte dos valores para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A carteira de crédito ampla da CAIXA alcançou saldo de R$ 712,1 bilhões no terceiro trimestre de 2017, sendo R$ 428,8 bilhões para o crédito habitacional, dos quais R$ 230,7 bilhões com recursos FGTS e R$ 198,2 bilhões com recursos das poupanças da Caixa. O Crédito Infraestrutura , concedido a obras desse setor, soma R$ 81,3 bilhões. Outros R$ 7 bilhões são destinados ao crédito rural. 

Serviços para o governo e pagamento de programas sociais: R$ 21,2 bilhões 

O governo deposita na Caixa os recursos que serão pagos à população que recebe benefícios sociais, como o Bolsa Família. Foi com esses recursos que a ex-presidente Dilma Rousseff teria feito a “pedalada” que a levou ao impeachment, deixando de depositar os valores que a Caixa pagaria. No mais recente balanço do banco, consta o pagamento de $ 21,2 bilhões em programas sociais do governo, para pagar 117 milhões de benefícios sociais. 

Pelo programa Bolsa Família, foram pagos 113,1 milhões de benefícios totalizando R$ 20,5 bilhões de janeiro a setembro de 2017. 

Benefícios pagos aos trabalhadores somaram R$ 247,3 bilhões no período, incluindo os pagamentos do Seguro-Desemprego, Abono Salarial e PIS. As aposentadorias e pensões aos beneficiários do INSS somaram R$ 66,8 bilhões no semestre. 

Minha Casa Minha Vida: R$ 25,2 bilhões em um trimestre 

A Caixa também opera o programa Minha Casa Minha Vida. Apenas no terceiro trimestre de 2017, foram contratados R$ 25,2 bilhões no programa, equivalente a 187.632 novas unidades habitacionais. Desde o início do programa Minha Casa Minha Vida, foram contratados pela R$ 343,3 bilhões, o equivalente a 4,2 milhões de novas unidades habitacionais. 

Loterias: R$ 10 bilhões 

As loterias são um monopólio estatal no Brasil e a Caixa é a operadora pública. A arrecadação com jogos somou R$ 10 bilhões de janeiro a setembro de 2017. Dos valores arrecadados, cerca de R$ 3,7 bilhões foram transferidos aos programas sociais do governo federal, conforme a lei. 

Participações em empresas: R$ 5,5 bilhões 

O banco também detém participações em empresas, inclusive no banco Panamericano, do apresentador e empresário Silvio Santos, em uma operação para socorrer o banco e que foi posteriormente investigada pela Polícia Federal. As participações da Caixa somam R$ 5,5 bilhões, e vão desde a holding de seguros do banco, o Panamericano, a Elo Serviços e a empresa de consultoria e tecnologia Capgemini. 

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