Vendedor de balões anda de bicicleta por Cabul em ruínas. A foto é de 2001| Foto: EMMANUEL DUNAND / AFP PHOTO

O Afeganistão exportou a imagem de ser o país islâmico dos talibãs, muito montanhoso e palco de uma guerra que matou milhões de pessoas e gerou outros milhões de refugiados. Difundiu-se nesta semana, durante discussão da reforma política na Câmara, aqui no Brasil, que os afegãos adotam o "distritão" para eleger seus representantes. 

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Na sessão da última quarta-feira (9), o nome do Afeganistão foi citado, sempre de forma negativa, 23 vezes pelos deputados contrários a esse sistema de votação, que elege os mais votados e ignora o voto proporcional, que considera a o coletivo. Pelo menos 12 deputados citaram o problemático país da Ásia como um de seus argumentos principais para não adotar esse sistema no Brasil. 

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Eram comum frases como "se o Afeganistão adotou, imagina?", "esse sistema foi adotado pelo Afeganistão!" e "com todo respeito ao Afeganistão, mas não dá". Os contrários a esses sistema de votação citavam também que apenas quatro países sem tradição democrática, entre os quais o Afeganistão, eram adeptos do distritão. Os outros seriam a Jordânia, Vanuatu e Ilhas Pitcairn, que teria apenas 57 habitantes. 

Defensor do voto distrital misto, Sandro Alex (PSD-PR) foi um dos a citar o país asiático. "Não é um sistema adotado por democracia forte. Se o Afeganistão adotou! Imagina?!" , disse Alex em seu discurso na comissão. 

Nunca se ouviu tanto Afeganistão no Congresso nacional. "O tal distritão é esdrúxulo. Só quatro países o adotam. Entre eles uma ilha da Polinésia, na Jordânia e no Afeganistão. Não são exemplos", disse Luiza Erundina (PSOL-SP).

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Tadeu Alencar (PSB-PE) chamou o distritão de retrocesso e que só é aplicado em poucos lugares. "Somente em quatro países de pouca tradição, como Afeganistão e Jordânia e outros democraticamente inexpressivos", acredita Alencar. 

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"Com todo respeito a esses países, mas não dá para usar um modelo usados por eles", disse Diego Garcia (PHS-PR), um deputado que, se o distritão vigorasse no Brasil, não se elegeria em 2014. Entrou na soma de votos de outros colegas de seu partido. 

O Itamaraty informa, no seu site, que Brasil e Afeganistão instalaram embaixadas em suas capitais – Cabul é capital afegã – a partir de 2010. Os afegãos se instaram em dezembro de 2012 em Brasília. Primeiro país da América Latina a recebê-los, o governo brasileiro diz que o Afeganistão, com quem o Brasil tem uma relação comercial "tímida", tem reservas minerais ainda não exploradas avaliadas em "trilhões de dólares". O Brasil exporta para lá sobretudo frangos e carnes.