• Carregando...
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, a “Lava Jato está no auge de sua maturidade.” | Antônio More/Gazeta do Povo
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, a “Lava Jato está no auge de sua maturidade.”| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Das últimas sete etapas da Operação Lava Jato em Curitiba, seis foram pedidas pelo Ministério Público Federal e apenas uma pela Polícia Federal. Para o MPF, isso está diretamente relacionado com o fim da força-tarefa da Lava Jato na PF do Paraná. No início do mês, a corporação encerrou o grupo de trabalho exclusivo da operação e incorporou o efetivo à Delecor, a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas.

Os procuradores dizem que a medida prejudica as investigações, mas a Polícia Federal nega qualquer impacto no andamento dos inquéritos. Na coletiva de imprensa da 42ª fase da Lava Jato nesta quinta-feira (27), as críticas foram direcionadas ao ministro da Justiça, Torquato Jardim. Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, o ministro teria reduzido o efetivo da PF sem nem conversar com os delegados que atuam na Lava Jato.

“O MPF quer fortalecer a Polícia Federal. A Lava Jato está no auge de sua maturidade. É preciso que a Polícia investigue e a diminuição do efetivo é uma responsabilidade do ministro da Justiça”, disse o procurador, comparando a postura de Jardim com a de seu antecessor no cargo. “O ministro da Justiça anterior, Alexandre de Moraes, visitou a força-tarefa em Curitiba e se comprometeu a fortalecer a Lava Jato. O atual ministro não fez um movimento nesse sentido e sequer consultou a força-tarefa sobre o quanto de investigação tinha e o quanto de necessidade de efetivo havia. É uma responsabilidade dele essa diminuição no quadro da Polícia Federal”.

As declarações do procurador foram dadas na mesma mesa em que estavam representantes da PF: o superintendente no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, e o coordenador da Lava Jato, delegado Igor Romário de Paula. “Não houve redução de efetivo e nem extinção do grupo de trabalho. O que houve foi uma reestruturação, uma decisão puramente administrativa, que colocou o grupo da Lava Jato na estrutura da Delecor”, disse Franco.

Igor também minimizou a fala do procurador. Segundo ele, o pedido da operação ser feito pela polícia ou pelo Ministério Público é irrelevante, já que as duas instituições atuam na investigação da mesma forma. “Em determinado momento, houve uma sequência de pedidos da polícia, e em outros, do Ministério Público. Isso faz parte do trabalho conjunto”, afirmou.

Torquato promete “visita social”

Durante evento em Brasília, o ministro da Justiça respondeu às críticas do procurador Athayde Ribeiro Costa. Jardim disse que as críticas são “infundadas” e que fará uma “visita social” à Polícia Federal em Curitiba. Reafirmou ainda que não atua para atrapalhar a Lava Jato e negou o esvaziamento da equipe de investigação.

“A Lava Jato está acontecendo em 16 capitais. Hoje, ela é maior em Brasília que em Curitiba”, completou. “É uma redistribuição de mão de obra e meios operacionais, que não significa diminuição da capacidade administrativa.”

Intervalo entre operações

A Lava Jato em Curitiba ficou dois meses sem a deflagração de novas etapas. Antes da 42ª fase, a última operação havia sido realizada no dia 26 de maio. O intervalo entre as ações não é motivo de preocupação para os investigadores.

Segundo o delegado Igor, a Lava Jato não é “um seriado com data marcada para novas operações”. “O intervalo entre as operações também é relativo. Já tivemos duas operações em uma mesma semana e outros períodos em que passamos um, dois meses sem operação”, disse.

Mais um atrito

As divergências entre delegados e procuradores nunca estiveram tão expostas na Lava Jato como agora. Em mais um capítulo da história, o delegado Fillipe Pace, em documento enviado ao juiz Sergio Moro, disse que a polícia só tomou conhecimento das investigações contra o ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, quando o inquérito vazou para a imprensa.

Segundo o delegado, a investigação começou de forma unilateral, conduzida apenas pelo MPF, sem “amparo policial”. “Esta autoridade policial soube da existência da requisição ministerial por veículos de comunicação, ou seja, antes mesmo da referida determinação ser formalmente encaminhada para instauração. Tal fato, por si só, já esgota a eficácia plena da pretendida investigação”, afirmou Pace.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]