Professores vieram de Macapá para protestar contra a OAB do Amapá: “não nos representam”, disseram.| Foto: Evandro Éboli/Gazeta do Povo

Um batalhão de fotógrafos, repórteres, conselheiros da OAB e de seguranças. O protocolo do pedido de impeachment do presidente Michel Temer feito pela Ordem dos Advogados do Brasil na Câmara quebrou a calmaria da Casa nesta quinta-feira (25) de baixo quórum de deputados, boa parte já nas suas bases eleitorais. Com sua comitiva, o presidente da Ordem, Cláudio Lamachia, ainda presenciou o protesto de um grupo de professores do Amapá, que lamentavam a posição da OAB do estado que deu o único voto contrário ao afastamento de Temer na reunião de sábado (20). O placar pró-impeachment foi 25 a 1.

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“O que os representantes do Amapá fizeram nos envergonha. Viajamos de Macapá até aqui (são 2.410 km de distância) para registrar nosso protesto. É uma pena. Mas a população quer Temer fora daquela cadeira”, disse o professor Paulo Santos, que sustentava uma folha de papel manuscrito com os dizeres “OAB do Amapá não nos representa”.

Antes do protocolo propriamente dito, o cerimonial da Câmara dos Deputados dificultou a entrega do pedido. A OAB solicitou a permissão de entrar com mais de 200 advogados e a presidência da Câmara havia autorizado, em princípio, apenas 35. A portaria de ingresso da turma da OAB foi alterada algumas vezes e a desinformação, até o momento da chegada, reinou.

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“O que eu disse é que nenhum dos meus conselheiros ficaria de fora. E que não fariam arruaças e nem coisas do tipo”, disse Lamachia, durante a negociação.

As luzes e os holofotes foram direcionados para o presidente da Ordem, mas o real autor do pedido, o relator do caso na OAB, o advogado Flávio Pansieri, acompanhava o grupo com discrição e sem alarde. Pansieri tem 40 anos e atua no Paraná. Seu parecer, apresentado no sábado no julgamento na OAB, já concluía que a edição dos áudios não altera a acusação de que Temer cometeu crime de responsabilidade.

O relator usou dois argumentos: o fato de o presidente ter ouvido do empresário Joesley Batista uma prática delituosa – de ter em “mãos” dois juízes e um procurador – e não ter informado às autoridades competentes para investigar e o fato de recebido um pedido de ajuda do empresário da JBS para resolver pendências que ele tinha no Ministério da Fazenda, com indicação de um representante para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

“O que ocorreu foi grave. É um momento ruim da história do país. Em menos de dois anos, a OAB entra com seu segundo pedido de impeachment de um presidente da República”, lamentou.