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 | Geraldo Magela/Agência Senado
| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Destituído da presidência do PSDB por Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE) disse nesta quinta-feira (9) que o partido do senador mineiro não é o mesmo do seu. “O PSDB desses caras não é o meu. E não é o do Fernando Henrique, do Mário Covas, do José Richa, do Franco Montoro”, disse, citando, além do ex-presidente, dois ex-governadores de São Paulo e um do Paraná.

Tasso disse ter sido surpreendido pela postura de Aécio e afirmou que FHC e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também não foram informados da decisão do senador mineiro. O senador, que ocupava interinamente a presidência da legenda desde maio, iniciou uma declaração à imprensa em tom de brincadeira. “Como vocês sabem, estou desempregado”, disse.

Tasso fez críticas à postura de Aécio, disse que ele não tem pensado no bem do PSDB. “Eu tenho dito que ele não está pensando no coletivo do partido há muito tempo. Desde que ele está agarrado nesta presidência. Se ele estivesse pensando no coletivo isso não estaria acontecendo hoje”, declarou.

Na avaliação do tucano, sua candidatura à presidência do PSDB ganha mais força. “A candidatura acho que se fortifica. Evidentemente não é fácil enfrentar estrutura do governo federal e nem do partido”, disse. Questionado sobre se vê no gesto de Aécio atuação do governo, ele afirmou que sim. “Eu acho que quando ele fala em pressão, pressão, pressão, eu acredito que seja isso também”.

Tasso disse ter sido procurado por Aécio na tarde desta quinta com um pedido para que ele deixasse a condição de interinidade no comando do PSDB.

Ainda de acordo com o senador cearense, a argumentação foi de que isso traria mais “isonomia” para a disputa pela presidência da legenda. O partido realiza em 9 de dezembro a convenção nacional, que definirá a estrutura que comandará a sigla em 2018, ano eleitoral.

Tasso rebateu a justificativa de Aécio e disse que não deixaria o cargo. “Foi ele quem prorrogou o próprio mandato. Não era bem assim que ele via a questão partidária”, disse, afastando a argumentação de que seu afastamento daria mais isonomia à convenção. “Preferia que ele me afastasse para ficar bem nítidas as nossas diferenças”, acrescentou.

O senador cearense disse respeitar o mineiro e afirmou que ambos têm hoje “diferenças profundas”. Ainda sobre as diferenças, Tasso disse ser contra o comportamento político e ético do governo. “Essa postura fisiologista deste governo”.

Perillo diz que seria ‘antiético’ manter Tasso à frente do PSDB

Adversário de Tasso na disputa pela presidência do PSDB, o governador de Goiás, Marconi Perillo, afirma que “seria antiético e nem um pouco isonômico” se o senador cearense não tivesse sido destituído, “já que a máquina partidária poderia pender para o lado de quem estivesse no comando do partido”.

Em nota, o governador goiano disse que “a decisão tomada hoje pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, foi correta e justa e restabelece o equilíbrio de forças para a disputa na convenção nacional do partido em dezembro”.

Goldman assume PSDB e nega influência de Aécio

Com a destituição de Tasso, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman assume até dezembro, quando o PSDB realiza convenção para eleger a nova Executiva. Segundo ele, a disputa pelo comando do partido não sofrerá influência do Palácio do Planalto ou de Aécio, que está licenciado do posto.

Goldman reagiu a tucanos que classificaram a destituição como uma interferência do senador mineiro a favor do governador de Goiás. “O Aécio me conhece. Se ele me colocou aqui, sabe que não haverá interferência. Comigo, não. Aqui, não”, disse.

Goldman afirmou que vai trabalhar para que as campanhas de Tasso e Perillo ao comando do PSDB ocorram com isonomia – em referência ao argumento de Aécio para afastar o senador cearense do comando interino do partido.

Perillo elogiou Goldman. “O ex-governador é um líder com história e biografia respeitáveis no partido e na vida pública, e, portanto merecedor de todo o nosso respeito. Por certo, conduzirá com isenção, espírito público e ética o processo sucessório interno nos 30 dias que antecedem a Convenção, marcada para 9 de dezembro.”

Ministros tucanos ficam, por enquanto

Em meio a pressões no PSDB pelo desembarque da sigla do governo Michel Temer, o novo presidente interino disse que os quatro ministros tucanos manterão seus cargos até que a cúpula da sigla tome uma decisão contrária – o que pode ocorrer na convenção da legenda, em 9 de dezembro.

Quando Temer assumiu o poder, Goldman chegou a rechaçar a adesão do PSDB ao governo, mas mudou de posição ao longo do último ano e defendeu a permanência da sigla nos ministérios. Ele se recusou a dizer o que pensa sobre o assunto agora.

“Não vou opinar e não cabe a mim opinar, embora eu tenha minhas opiniões sobre isso”, declarou. “Temos que decidir o que é melhor para o partido e para o país.”

Ele disse que não haverá qualquer influência do Palácio do Planalto sobre as decisões do partido ou sobre a sucessão para o comando da sigla. “Eu repudiaria qualquer interferência de elemento externo nas questões internas.”

Goldman afirmou ainda que vai conversar nos próximos dias com os dois candidatos à presidência do partido. Ele pretende construir uma candidatura única. E acredita que Tasso e Perillo podem chegar a um acordo, “se todos pensarem no partido, na preservação do partido e como isso é importante também para o país”.

O novo presidente interino disse que o governador paulista Geraldo Alckmin poderia ser um nome de consenso para presidir a sigla nesse cenário, mas ponderou que ele deve analisar a conveniência de cumprir essa missão caso se consolide como candidato ao Palácio do Planalto.

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