Após o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarar que “não seria correto com o país” o PSDB deixar o governo federal, o diretório paulista do partido recuou e preferiu “não decidir” sobre rompimento com o presidente Michel Temer.
Há na base do PSDB uma forte pressão para que a cúpula deixe o governo e entregue os cargos do partido. Os diretórios do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro já romperam com Temer. A crise foi o tema de uma reunião na noite de segunda-feira (22) no diretório, que reuniu o principais quadros do partido. A expectativa era que os paulistas seguissem o mesmo caminho, mas o movimento foi barrado por Alckmin.
“Decidimos não decidir. Vamos esperar uma decisão do (diretório) nacional”, disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do braço paulista do PSDB.
Em consonância com o Palácio dos Bandeirantes, Tobias também declarou voto no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em caso de eleição indireta e relatou que esse é o sentimento majoritário com o partido no estado. “Meu candidato em caso de eleições indiretas é o FHC. Há quase uma unanimidade no partido em São Paulo”, disse.
Mudou de opinião
A manobra do governador de São Paulo chama atenção pelo fato de, num passado recente, Alckmin ter sido o tucano mais resistente ao alinhamento do PSDB com o governo Temer. Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Alckmin defendeu publicamente que o partido não ocupasse cargos nos governo, opinião que contrariava o desejos dos senadores José Serra e Aécio Neves, favoráveis à composição com o PMDB no Planalto.
Agora, Alckmin seguiu os passos de FHC. O ex-presidente tucano disse que seu partido “tem que ter cautela” para desembarcar do governo por apoiar desde o início o plano econômico de Temer. Disse que seria “oportunismo” sair correndo num primeiro momento. Não descartou, no entanto, uma mudança de opinião do PSDB a depender do andamento das denúncias reveladas pela delação da JBS.
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