Sobre o futuro de Michel Temer, o PT faz um discurso para fora, tímido até, mas dissemina outra vontade para dentro. O partido tem a obrigação de pedir o “Fora Temer”, mas não é o que de fato deseja. O verbo “sangrar” é o da conjugação preferida. Sangrar Temer até 2018. Propósitos com isso: fortalecer a oposição, impedir a chegada de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao Palácio do Planalto, e assim correr o risco de viabilizá-lo para 2018, e tornar a eleição, numa eventual ausência de Lula na disputa, aberta.
O PT, descolado como oposição, não está empregando sua experiência nesse campo contra Temer. Não endureceu o discurso, não tem se mobilizado e chega na véspera da votação que pode tirar Temer do cargo sem saber se vai ou fica. Se marca presença no plenário ou não. Parece que não. E ainda solta uma nota que soa a provocação: “Executiva e bancada do PT fecham questão: todos os votos serão contra Temer”. Ao menos isso. E votar significa dar o quórum que o governo deseja.
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No discurso oficial, nas entrevistas coletivas, concorridas nessa época em Brasília, o líder do PT, Carlos Zarattini (SP), nega que deseja ver Temer sangrando.
“Não existe essa conversa de deixar o presidente sangrar. Isso porque, a cada dia que passa, a população brasileira é mais prejudicada por esse verdadeiro desgoverno. A situação fiscal é calamitosa, as atividades em muitos ministérios vão se encerrar em setembro, o INSS vai ficar sem atendimento, a compra de remédios vai estar comprometida. Esse governo tem que ser encerrado o mais rápido possível” , disse Zarattini nesta terça-feira (1).
A indecisão do PT sobre como se comportar na votação da denúncia contra Temer fez circular na Câmara um rótulo aos petistas: “o PT tucanou”. Uma referência ao PSDB, que ganhou fama por suas indecisões. O tucano é o símbolo do partido de Fernando Henrique Cardoso.
Governador do PT exonera secretários na Bahia e ajuda Temer
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), exonerou dois deputados federais que atuam como secretários estaduais em sua gestão para votarem a denúncia contra Temer nesta quarta-feira (2). A decisão fortalece a ala petista que defende que o partido não endosse o afastamento do presidente.
Com a exoneração dos secretários estaduais, voltam para suplência os deputados Davidson Magalhães (PC do B) e Robinson Almeida (PT), que votariam contra Temer. Entram os deputados Fernando Torres (PSD) e Josias Gomes (PT). O primeiro informou que vai se abster na votação. O segundo diz que seguirá a decisão da bancada, mas vai defender internamento que os petistas se abstenham de votar.
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Josias Gomes diz que não vê problemas em Temer seguir na presidência sem ser investigado. “A investigação pode ser feita quando acabar o mandato dele”, diz o petista, para quem a única saída para a crise política seria a antecipação das eleições para a Presidência.
Ainda há uma avaliação entre os petistas baianos de que o cenário com Rodrigo Maia na Presidência da República beneficiaria o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), provável adversário de Rui Costa em 2018 na disputa pelo governo baiano. “Maia na Presidência é o fazer ressurgir o DEM do Nordeste, que é uma direita raivosa que representa o que existe de mais atrasado”, diz Gomes.
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