O dono do “bunker” de Salvador visitado pela Polícia Federal na terça-feira (5) deixou de ganhar pelo menos R$ 255 mil por mês ao guardar no apartamento os pouco mais de R$ 51 milhões que acabaram apreendidos. Segundo a decisão judicial que autorizou a operação, o imóvel estaria sendo usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima.
A caderneta de poupança, aplicação mais conservadora de todas, rendeu 0,50% entre 5 de agosto e 5 de setembro, segundo calculadora disponível no site do Banco Central. Essa correção levaria a um rendimento mensal de R$ 255.154,33 sobre o valor encontrado no “bunker”, que segundo a PF foi de precisamente R$ 51.030.866,40, na soma de reais e dólares.
O rendimento efetivo da caderneta, no entanto, pode ser um pouco maior, dependendo da data de aniversário do investimento. Nas últimas semanas a Taxa Referencial (TR) tem ficado zerada em vários dias, fazendo com que a poupança renda somente o mínimo de 0,5% ao mês para as cadernetas corrigidas nessas datas.
Outros aniversários ainda garantem uma correção um pouco maior. Considerando-se o período de 6 de agosto a 6 de setembro, por exemplo, o rendimento teria sido de aproximadamente 0,52%, proporcionando um acréscimo de pouco mais de R$ 265 mil em um mês.
Mas o ganho pode ser bem maior. Uma aplicação de renda fixa que pague 100% do CDI rendeu 0,73% entre 5 de agosto e 5 de setembro, de acordo com o Banco Central. Nesse caso, a fortuna apreendida no apartamento de Salvador teria aumentado cerca de R$ 373 mil em um mês.
Ao contrário da poupança, no entanto, boa parte das aplicações de renda fixa paga Imposto de Renda e as taxas devidas ao banco ou corretora, o que limita o ganho.
Além de não render, o dinheiro do bunker perdeu poder de compra. Apenas em agosto, quando o IPCA foi de 0,19%, a inflação “comeu” quase R$ 97 mil do total armazenado no apartamento.
Para não chamar atenção
Nenhuma dessas simulações, naturalmente, interessa a Geddel Vieira Lima ou a quem quer que fosse o dono do dinheiro. Em geral, quem guarda uma quantia dessas em casa o faz para não chamar atenção da Receita Federal e das autoridades policiais – o que ocorreria se o montante fosse aplicado num investimento legalizado.
No caso do bunker, como se vê, nem esse cuidado adiantou.
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