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| Foto: Vanderlei Almeida/AFP

O ministro da Segurança, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira (27) que quase metade das 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro será extinta, a fim de reforçar o policiamento de outras regiões do estado e das unidades que permanecerem. Ele declarou que parte das UPPs era apenas um “rótulo” de um programa que já não cumpria suas funções.

“As UPPs em certa medida malograram o que deveriam ter alcançado. Primeiro porque houve uma expansão maior do que o estado poderia manter com os recursos que tinha. Isso degradou uma grande parte das UPPs. Em segundo lugar, as UPPs eram uma ponta de um projeto, em que o estado deveria entrar com saúde e educação, o que também não entrou”, afirmou, após reunião na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para a instalação do Conselho de Segurança Pública da entidade.

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As UPPs foram vitrine da política de segurança da gestão Sérgio Cabral (MDB), atualmente preso por corrupção. O sucesso das primeiras experiências, combinada com as sucessivas quedas de homicídio no estado à época, fizeram com que o projeto se expandisse de forma desordenada, na avaliação de especialistas.

A primeira foi inaugurada na favela Dona Marta, em Botafogo (zona sul) em 2008. Outras quatro surgiram em 2009, oito em 2010, cinco em 2011, dez em 2012, oito em 2013 e duas em 2014. Em 2014, o projeto já vinha sofrendo desgaste. Naquele ano, 70% dos moradores do Rio defendiam mudanças.

“Uma parte das UPPs se transformou em algo que não tinha as funções para as quais elas foram concebidas. Essas unidades estavam de fato cumprindo com aquilo que haviam se comprometido? Ou já perderam grande parte de sua funcionalidade? Ou era apenas um rótulo que tínhamos sem a capacidade de exercer a sua função? Vamos ser sinceros”, declarou o ministro.

Confrontos

Estudo da PM aponta que, enquanto em 2011 foram registrados apenas 13 confrontos em lugares com UPP, em 2016 esse número subiu para 1.555. O sucesso inicial também virou trunfo eleitoral. Em sua campanha à reeleição, Cabral chegou a declarar que terminaria seu segundo mandato, em 2014, sem nenhuma favela sob controle armado.

“Não posso dizer se vai ser no mês tal do ano que vem. Posso garantir que termino o meu governo com todas as comunidades pacificadas. Quando eu digo todas... Todas que estiverem controladas...”, disse ele, durante sabatina da Folha de S.Paulo em 2010.

Com a promessa descumprida, Pezão declarou na campanha que instalaria mais 40 UPPs em seu mandato, mais que dobrando o número da época, as mesmas 38 UPPs de hoje. Nenhuma foi inaugurada. Jungmann não disse quantas nem quais UPPs serão extintas.

A mudança foi defendida por Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé. “Precisamos reconhecer que algumas UPPs não estavam funcionando.” Desde 16 de fevereiro, o Rio está sob intervenção federal na segurança, a cargo do general do Exército Walter Braga Netto.

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