O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) foi protagonista de uma trapalhada do governo Temer nesta semana. Indicado pela bancada peemedebista para virar ministro da Secretaria de Governo, Marun sentou na cadeira antes da hora. O Palácio do Planalto chegou a confirmá-lo no cargo, mas o presidente Michel Temer desistiu da nomeação horas depois, alegando vazamento da informação antes da hora e desgaste com a bancada do PSDB, partido que ocupa o ministério atualmente com Antônio Imbassahy.
A quase nomeação de Marun para Esplanada acrescenta mais um capítulo a uma carreira política meteórica e controversa. Incrível sua vocação para missões impossíveis. Parlamentar de primeiro mandato, ele se notabilizou, primeiro, pela devoção ao ex-presidente da Câmara e ex-deputado Eduardo Cunha. Foi seu mais fiel defensor. Por ele comprou brigas, discutiu com amigos e foi alvo de outdoors no seu estado: “Estou ajudando Cunha a se safar. E faço isso com seu voto”, dizia uma dessas mensagens espalhadas por Campo Grande (MS),com sua foto enorme. Informava o telefone de seu gabinete, seguida da inscrição: “Nunca mais vote nele!”.
O tempo passou, Cunha caiu em desgraça, foi preso, mas lá estava Marun. Foi um dos dez deputados que votou contra a perda do mandato do aliado e foi até visitá-lo na cadeia no Paraná. Cunha saiu de cena e o presidente Michel Temer passou a ser o seu favorito. Com Marun a seu lado, assumindo um papel que aprendeu antes e fez bem: o de fiel escudeiro, craque na arte de dar a cara para bater.
O deputado sul-matogrossense esteve nos holofotes nesses quase três anos de mandato. Além da “missão Cunha”, ele presidiu a comissão da reforma da Previdência, esteve à frente na derrubada das dez medidas de combate à corrupção e, mais recente, numa implacável defesa do mandato de Temer, no julgamento das duas acusações criminais do ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
De tantas ameaças, por conta do desgaste da discussão da Previdência, chegou a andar por um tempo com seguranças. De estilo fanfarrão, e seu 1,90 de altura, Marun passa a imagem de ter trânsito com todos, inclusive na oposição. Mas terá problemas com o PSDB. Já é visto como alguém que tentou derrubar Antônio Imbassahy do ministério. Não bastasse, no último dia 5 divulgou nota na qual defendia candidato próprio do PMDB à Presidência da República, mas num texto que atacava os tucanos.
“Correligionários, a hora está chegando e urge que lancemos uma candidatura própria presidencial. Vamos fazer o que? Ceder nosso tempo na TV para o PSDB destilar sobre nós suas dúvidas existenciais? Ou para Lula, chamar-nos de golpistas? Hulk (sic) poderia até valorizar o nosso tempo na TV, afinal, disto, e só disto, ele entende”, escreveu Marun nas suas redes sociais.
Visibilidade e desgaste. Foi o que colheu Marun até agora.
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