A recuperação da economia começou no primeiro trimestre do ano e parece ter atravessado bem a avalanche de denúncias no mundo político. Nesta quarta-feira (9), tivemos três exemplos de indicadores que trazem um pouco mais de otimismo para quem acompanha a vida econômica do país.
O IBGE confirmou que a inflação está mais do que sob controle, abrindo espaço para a queda dos juros. Ao mesmo tempo, o Ministério do Trabalho registrou mais um mês de criação de vagas com carteira assinada. E o Ministério do Planejamento estimou que o crescimento provocado pela liberação do FGTS vai ser bastante expressivo. Veja os detalhes dos números:
Salário mínimo de R$ 979
O salário mínimo deve subir acima da inflação em 2018, de acordo com estimativas de mercado. O presidente Michel Temer sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2018, que prevê um aumento de 4,5% na remuneração mínima paga ao trabalhador no país. O texto foi publicado na edição desta quarta-feira (9) do Diário Oficial da União.
A LDO estabelece as metas e prioridades do governo para o ano seguinte e orienta a elaboração da lei orçamentária anual. Uma das definições foi que o salário mínimo passará dos atuais R$ 937 para R$ 979 em 2018. Esse reajuste deve ser superior à taxa final de inflação em 2017. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado em 12 meses, medido pelo IBGE, ficou em 2,08% até julho. É o INPC que baliza a maioria dos acordos salariais no país.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias, o governo prevê que o INPC não passe de 4,5% ao ano no fim de 2018. Outro indicador de inflação, o IPC da Fipe, deve terminar o ano em 3,05%, segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central. A mesma pesquisa prevê que a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar o ano em 3,45%.
Inflação
O IPCA, índice oficial de inflação do país, teve alta de 0,24% em julho. Os vilões do mês foram justamente os que deram alívio no mês passado. Combustíveis e energia elétrica, que tiveram quedas em junho, voltaram a subir no mês seguinte. No acumulado de 12 meses encerrados em julho, o índice ficou em 2,71%.
É a primeira vez em dez anos que o índice em 12 meses fica abaixo de 3%, o piso da meta do governo federal. Essa meta passou a ser adotada em junho de 1999. Atualmente, a meta de inflação do governo é de 4,5%, com variação de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
No acumulado dos sete meses do ano, a alta foi o 1,43%, a mais baixa para o período desde 1994, o início da série histórica medida pelo IBGE. O índice ficou controlado mesmo com a alta dos combustíveis promovida pelo governo de Michel Temer e a mudança da bandeira tarifária nas contas de luz reverteram a queda de junho e pressionaram o índice de preços em julho.
Com isso, a expectativa é que o Banco Central continue o processo de redução da taxa básica de juros, o que deve baratear o crédito e estimular investimentos no país.
Emprego
O Brasil abriu 35.900 vagas de emprego formal em julho, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em junho, 9.821 vagas foram abertas. O resultado mensal foi puxado pela indústria de transformação, que gerou 12.594 postos formais em julho. Outros segmentos com resultado positivo foram comércio (10.156 vagas abertas), serviços (7.714), agropecuária (7.055) e construção civil (724 novos empregos).
Por outro lado, os serviços industriais de utilidade pública lideraram o grupo com fechamento de postos: 1.125 empregos encerrados no mês. Em seguida, estão administração pública (-994) e extrativa mineral (-224).
FGTS
O Ministério do Planejamento divulgou que a liberação dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) deve gerar contribuição positiva de 0,61 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O saque das contas inativas injetou R$ 44 bilhões na economia e beneficiou 25,9 milhões de trabalhadores.
A projeção do ministério foi feita com base em pesquisas de entidades como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que mostraram grande interesse dos beneficiados em quitar dívidas com os recursos sacados do fundo.
Os saques das contas inativas do FGTS são parte da estratégia do governo para tentar ajudar a economia. O prazo para as retiradas começou em março deste ano e terminou no último dia 31 de julho. Conforme balanço apresentado pela Caixa na segunda-feira, apesar do sucesso da medida, 6,8 milhões de trabalhadores não sacaram seus saldos, deixando R$ 5,85 bilhões nas contas. O dinheiro que não foi retirado continuará a ser remunerado pela regra do FGTS, que garante 3% ao ano mais Taxa Referencial (TR).
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