Um dos advogados que integra o time de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o australiano Geoffrey Robertson foi condecorado como Oficial de Ordem da Austrália, uma das mais altas distinções do país. Ele foi reconhecido pelos “notáveis serviços prestados ao Direito e à profissão jurídica como advogado de direitos humanos no âmbito internacional e defensor das liberdades civis no mundo”. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (26). Robertson deve receber a honraria das mãos de um representante da rainha Elizabeth, chefe de estado da Austrália (ex-colônia inglesa), ainda neste ano.
O advogado, que representa Lula na petição feita na Comissão de Direitos Humanos da ONU por supostas violações cometidas contra o petista nos processos da Lava Jato, esteve no Brasil nessa semana para acompanhar o julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Como não fala português, ouviu a decisão dos desembargadores pela condenação de Lula por meio de uma tradução simultânea, transmitida em discretos fones de ouvido. Apesar de não defender o ex-presidente nesse caso, Robertson foi autorizado a participar do julgamento pelo desembargador Leandro Paulsen, presidente da 8ª Turma da Corte. Ele deve apresentar elementos colhidos durante o julgamento na ONU na segunda-feira (29).
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Antes de receber a condecoração na Austrália, o advogado já tinha uma honraria de Estado: em 1988, recebeu o título de Conselheiro da Rainha da Inglaterra. Com isso, tornou-se autorizado a atuar nos países da comunidade britânica. Apesar de australiano, ele tem relação com o país europeu desde os tempos de estudante, quando recebeu uma bolsa de pós-graduação na Universidade de Oxford.
No currículo, direitos humanos e programas de TV
Desde o início da carreira, o advogado – que é fundador do escritório Doughty Street Chambers, com sede em Londres – se envolveu em casos polêmicos. Entre seus clientes no passado recente figura o também australiano Julian Assange. Fundador do WikiLeaks, Assange está asilado na embaixada do Equador, na Inglaterra, desde 2012. Ele é acusado de ter cometido um estupro na Suécia e, caso saia da embaixada, corre o risco de ser extraditado para os EUA para responder pelo vazamento de documentos secretos do governo norte-americano.
Em outros casos, o advogado defendeu empresas de comunicação como os britânicos The Guardian e The Economist, além do norte-americano The New York Times. Em 2015, junto com uma das advogadas de seu escritório, Amal Clooney, foi o representante da Armênia no Tribunal Europeu de Direitos Humanos por causa de uma ação do político turco Dogu Perinçek.
Perinçek afirmou, em 2005, na Suíça, que o genocídio dos armênios era uma “mentira”. Condenado ao pagamento de uma multa pela Justiça do país, ele recorreu ao Tribunal Europeu e acabou vencendo, pois a Corte considerou que condená-lo seria uma violação à sua liberdade de expressão.
Fora dos tribunais, Robertson tem uma carreira também como apresentador de TV. Uma das atrações que comandou foi o programa “Hypotheticals”, em que conduzia discussões entre especialistas a respeito de problemas sociais. Hoje com 71 anos, o extenso currículo do advogado também inclui a autoria de livros da área de Direito e até a colaboração em uma edição de aniversário do clássico romance “O Amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence.
Nem na literatura Robertson fica longe das polêmicas: a obra, lançada em 1928, foi considerada obscena e acabou banida até os anos 1960. Na época, a editora Penguin teve de enfrentar um processo judicial para poder publicá-la.
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