A mais recente crise do governo Michel Temer (PMDB) tem um novo responsável: o empresário Joesley Batista. Dono da empresa JBS, ele entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) gravações que mostram o peemedebista dando o aval para a compra do silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No entanto, apesar de ser o grande pivô da denúncia contra o presidente, essa não é a primeira vez que Batista se envolve em escândalos do tipo.
A mais recente delas aconteceu também neste mês de maio, quando Batista se tornou um dos investigados da Operação Bullish, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (12) e que investiga fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo BNDES. O conglomerado que o empresário preside, a J&F, teria recebido repasses de R$ 8,1 bilhões sem a apresentação de garantias e com a dispensa indevida de prêmio contratualmente previsto. Por conta dessa operação, a fraude teria gerado um prejuízo de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.
Joesley também aparece na Lava Jato, que o investiga nas operações Sépsis, Greenfield e Cui Bono. As suspeitas são de que ele teria realizado o pagamento de propina para liberar recursos do FI FGTS e investimentos de fundos de pensão de estatais em suas empresas.
Além disso, a JBS também esteve envolvida nos escândalos do setor alimentício, sendo uma das gigantes citadas pela operação Carne Fraca, revelada no início deste ano. Além de tentar mudar a data de validade de seus produtos, a empresa também foi apontada em um esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais para acelerar a liberação de produtos. Na época, o presidente Temer veio em defesa das empresas dizendo que a operação havia feito um “grande alarde”.
Influência política
A influência de Joesley Batista ia muito além apenas do setor de alimentos. Embora a JBS seja um dos carros-chefes da J&F, o conglomerado ainda tem marcas como Havaianas, dos produtos de limpeza Minuano e do banco Original. E essa participação ativa no ramo dos negócios fez com que o empresário logo aparecesse no cenário político, principalmente ao fazer doações bastante generosas a partidos durante as eleições. Em 2014, por exemplo, doou mais de R$ 50 milhões à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff.
E ele logo passou a estender sua influência sobre as decisões do próprio Planalto. Logo após a eleição, quando Dilma nomeou a senadora Kátia Abreu (PMDB) para o Ministério da Agricultura, o empresário foi até Michel Temer demonstrar seu descontentamento com a indicação, principalmente após a então ministra ter dito que a JBS adotava práticas monopolistas.
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