O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Adolfo Sachsida, de 45 anos, tem participado de encontros semanais com o deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para discutir temas da economia brasileira e mundial.
Segundo Sachsida, ele é parte de um grupo de 11 economistas e intelectuais que têm mantido interlocução com o parlamentar, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2018.
Apesar dos encontros regulares, revelados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Sachsida, que se diz um “liberal clássico” e é filiado ao DEM, afirma não ter sido contratado para dar aulas. “Não sou professor do Bolsonaro. Trocamos ideias e eu não sou pago para isso”, disse ele, que não informa a identidade dos demais participantes do grupo.
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Nascido em Londrina (Norte do Paraná), Sachsida tem no currículo uma passagem como professor de Economia da University of Texas - Pan American e consultor do Banco Mundial para Angola. Hoje, mantém página no YouTube em que dá aulas de economia.
Foi candidato a deputado distrital no Distrito Federal em 2014. Com 3.372 votos, o 105º mais votado, não se elegeu. Entre novembro de 2014 e março de 2015, esteve à frente do Movimento Brasil Livre (MBL) no Distrito Federal.
Eleitor assumido de Bolsonaro, “mesmo antes de ser convidado para conversar sobre economia com ele”, Sachsida foi “desnomeado”, em 2016, para o cargo de assessor especial do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), depois que suas postagens favoráveis ao movimento Escola Sem Partido tornaram-se públicas.
Sachsida recorre aos mesmos argumentos de Bolsonaro para justificar a falta de intimidade do deputado com os princípios da economia. “Ele não precisa ser especialista em economia. FHC e Lula não eram, mas convidaram pessoas que entendiam do tema para suas equipes”, afirma.
Segundo ele, os encontros começaram em julho, quando o presidenciável se aproximou do PEN (Patriota). Desde então, tem frequentado o gabinete de Bolsonaro e feito caminhadas com ele. Nas ocasiões, diz debater uma “necessária revisão das políticas públicas” – principalmente as que envolvem subsídios governamentais. “Com um melhor controle das políticas públicas, podemos até fortalecer programas sociais, como o Bolsa Família.”
O pesquisador afirma que o deputado tem grande interesse pela economia de princípio liberal e já se declarou favorável à independência do Banco Central. “Quando o mercado conhecer o Bolsonaro com mais profundidade, vai entender que ele é um político responsável com a condução econômica.”
Indicação
A parceria, segundo Sachsida, não significa indicação para a eventual equipe econômica, no caso de o deputado chegar à Presidência.
”Eu já falei para Bolsonaro que, em um eventual governo, ele deveria manter boa parte da equipe econômica atual e nomear para ministro da Fazenda o Mansueto Almeida (atual secretário de Acompanhamento Econômico do governo Michel Temer)”, disse o pesquisador do Ipea.
O nome preferido de Sachsida, não endossado publicamente por Bolsonaro, também é pesquisador do Ipea e faz parte da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mansueto defende o ajuste fiscal, a reforma da Previdência e, em 2014, foi consultor do então candidato e senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Procurado pela reportagem, o deputado Jair Bolsonaro não respondeu.
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