| Foto: CNT/Divulgação

Paulistano, José da Fonseca Lopes, 76, começou a dirigir caminhões em 1960, assim que tirou sua carteira de habilitação. "Na época chamava carta", brinca. Mas a paixão pelas estradas vem de mais cedo, quando acompanhava o pai, tios e até a tia Lurdes Lopes, segundo ele, uma das primeiras mulheres caminhoneiras do país. De lá pra cá, já conduziu mudança, cargueiro e até tanque. 

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Conduziu também inúmeras greves. Fonseca é presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCAM), uma das entidades à frente da paralisação dos caminhoneiros em todo o país, que prejudica abastecimentos em diversas cidades. 

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Ele também é filiado ao PSDB e já foi candidato a deputado federal pela sigla. Em 1998, recebeu o número 4589 para a disputa por uma vaga paulista na Câmara Federal. Conquistou 1851 votos, insuficientes para se eleger.

Embora diga que não é líder do movimento, José da Fonseca tem participado das rodadas de negociação com o governo e foi uma das primeiras pessoas a se manifestar, reclamar e exigir medidas efetivas sobre a política de preços dos combustíveis. “Eu avisei que íamos parar. O governo sabia.” 

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A primeira greve de caminhoneiros de que participou foi em 1974. E então Fonseca começou a ser uma das vozes ressonantes da classe. "Eu dava opinião sobre tudo. Ai o pessoal vinha falar comigo. E acabei virando líder. Mas eu não me fiz líder de nada, me fizeram", afirma. 

Nesse embalo, em 1983 liderou a fundação da ABCAM, ao lado de outros caminhoneiros autônomos. Desde então, tem estado à frente das reivindicações de um número cada vez maior de companheiros de classe pelo país. 

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A ABCAM, embora reconhecida, não tem abrangência nacional. A entidade passou a integrar a sessão de transportes de carga da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2003. 

Entre as entidades filiadas tem federações de transportes e sindicatos de transportadoras de seis estados das regiões Sul e Sudeste: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Sergipe

Fonseca disse que a mobilização, que chegou ao seu quarto dia nesta quinta-feira (24), foi organizada basicamente por comunicação em whastapp e rádios. 

Quando a greve acaba?

Esta manhã, o presidente Michel Temer reuniu parte da equipe econômica para tentar uma solução. Em seguida, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que o governo espera chegar a um consenso, uma trégua, ainda hoje. 

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José da Fonseca Lopes, que está com mais de mil mensagens não lidas em seu celular, garante que sem reais medidas do governo, a greve continuará. Mas afirma esperar uma solução e o fim da greve ainda hoje. 

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]