O ano de 2017 foi conturbado e balançou o mundo político. As peças do tabuleiro se mexeram bastante, ainda que o cenário futuro sobre quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2019 seja incerto. O atual presidente, Michel Temer, quase perdeu o cargo; o favorito nas pesquisas foi condenado a quase dez anos de cadeia; um candidato de direita se consolidou na briga; o presidente de um grande partido e senador mineiro teve seu mandato salvo pelo STF e seus pares.
Nessa toada, teve quem ganhou, mas não muita coisa; quem perdeu, aí sim, bastante coisa; e quem, claro, empatou, ou seja, não saiu muito do lugar. Com essas gradações as principais lideranças do país desfilaram no ano que vai embora. E não há bola de cristal que aponte seus destinos em 2018. Vamos a eles:
Quem ganhou
Jair Bolsonaro
O deputado federal parece ter vivido seu melhor ano na política. Virou um fenômeno. São surpreendentes as imagens das recepções de seus seguidores país afora. Consolidou-se como segundo colocado na corrida presidencial e acumulou apoios na Câmara, mas ainda está longe de agradar o empresariado. Economia e soluções para o país nessa área não são seu forte. Ainda assim, seu vertiginoso desempenho surpreende.
Geraldo Alckmin
O governador de São Paulo conseguiu contornar a crise no PSDB saindo de 2017 como candidato do partido à Presidência. A queda do senador Aécio Neves o fez presidente da legenda, e ele ganhou o papel de conciliador. Seu partido parece não ter outro nome para disputar a sucessão de Michel Temer. João Dória desidratou. As gestões tucanas em São Paulo ainda precisam responder por denúncias de corrupção em obras viárias, mas, até o momento, o caso não maculou sua imagem a ponto de inviabilizá-lo.
Rodrigo Maia
De um parlamentar, ainda que experiente, que estava "esquecido" na Câmara, Rodrigo Maia cresceu após alcançar a presidência da Casa. Virou um interlocutor do Planalto – sem deixar de criticar atos do presidente e de sua turma –, aproximou-se de parte da esquerda, com quem tem bom trânsito, e ganhou o respeito dos pares. Ponderado e liberal, tem seu nome citado na composição de uma chapa com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mesmo que tente apenas a reeleição para deputado em 2018, é um político que ascendeu e se tornou uma liderança.
Quem perdeu
Michel Temer
O presidente Michel Temer sobreviveu no cargo ao passar por dois testes na Câmara, ainda que o preço tenha sido os olhos da cara. Mas sua popularidade patina. Com a reação de indicadores econômicos, será sucesso de parte da crítica, mas dificilmente de público. Não terá força para tentar continuar no cargo via voto direto, e dificilmente terá peso como cabo eleitoral. Investigado no STF, precisa de um cargo para escapar de uma ação na primeira instância a partir de 2019.
Aécio Neves
Talvez o maior derrotado de todos, o senador do PSDB Aécio Neves virou réu no STF e foi alvo de pedido de prisão. Ele foi pego em gravação falando o que não deve, sua irmã foi presa, perdeu a presidência do PSDB e viu arruinada sua pretensão de tentar novamente o Planalto em 2018. Seu mandato de senador se encerra em 2018. Suas chances de se reeleger para o mesmo cargo são poucas. Pode concorrer a uma vaga na Câmara, já que vai precisar de foro privilegiado.
Quem empatou
Lula
Condenado em 2017 por Sérgio Moro, o ex-presidente Lula buscou reagir com caravanas nas ruas e discurso raivoso. Manteve-se sólido nas pesquisas, em primeiro lugar e vitorioso em qualquer cenário de segundo turno. É a incógnita e também a peça decisiva da eleição. Está nas mãos dos tribunais, e seu caso pode se clarear a partir de final de janeiro, com o que decidir o TRF-4. Ganha por se manter firme nas pesquisas, apesar do noticiário desfavorável, mas perde com condenação e acúmulo de acusações.
Parece que quanto menos Marina Silva se expõe mais se mantém em evidência. Suas aparições e declarações são raras. Mas está lá na terceira colocação da corrida sucessória. Pode se beneficiar com uma inviabilidade de Lula como candidato. Foi cobrada pelo apoio a Aécio em 2014, após a bancarrota do tucano neste 2017.
Henrique Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está em campanha. Tem até equipe de jornalistas e técnicos contratados. Filma todos seus passos. Sonha em aglutinar a força liberal, de centro e de direita não radical a seu lado e, assim, tornar-se competitivo. Seu teste eleitoral único até agora foi sua eleição para deputado federal em Goiás. Muito pouco. Sua política econômica alcança resultados, mas esbarra na toma lá dá cá do Planalto, que, para ganhar votos no Congresso, concede benefícios para parlamentares. Seu nome ainda será testado de fato.
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