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O policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46 anos, foram presos nesta terça-feira (12) acusados de participação direita nos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Eles estariam, segundo o Ministério Público, no carro de onde partiram os tiros que mataram dois dos três ocupantes do veículo que conduzia a vereadora do PSOL na noite de 14 de março de 2018. Lessa é apontado como o autor dos disparos, enquanto Queiroz dirigia o carro, um Cobalt branco.

Ronnie Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde o presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, Carlos Bolsonaro, tem casa. De acordo com o jornal O Globo, Lessa entrou na lista de suspeitos após ser vítima de uma emboscada, em 28 de abril, trinta dias depois do assassinato da vereadora. A suspeita era que pessoas envolvidas no crime teriam tentado promover uma queima de arquivo – a hipótese foi descartada posteriormente.

O currículo profissional de Lessa é bastante controverso. Egresso dos quadros do Exército, foi incorporado à Polícia Militar do Rio em 1992, atuando principalmente no 9º Batalhão da PM, em Rocha Miranda, até virar adido da Polícia Civil (função bastante comum nos anos 2000), trabalhando na extinta Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos, na Delegacia de Repressão a Roubo de Cargas e na extinta Divisão de Capturas da Polinter Sul.

Lessa foi guarda-costas do bicheiro Rogério Andrade (filho de Castor de Andrade) e depois se envolveu com grupo de matadores de aluguel – era considerado um exímio atirador. Segundo a investigação do Ministério Público, Lessa atuava junto com o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, um dos fundadores do grupo Escritório do Crime. O então PM sobreviveu a um atentado a bomba ao seu carro, em 2 de outubro de 2009, quando perdeu uma perna. Acabou reformado por invalidez.

Filiação ao MDB e homenagem na Assembleia

Ronnie Lessa foi filiado ao MDB de 1999 até 2010. Sua filiação se deu menos de um ano depois de ter sido homenageado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pelo falecido deputado estadual emedebista Pedro Fernandes Filho.

A homenagem, protocolada em 23 de novembro de 1998, foi justificada por Fernandes pelo modo como Lessa e outros 17 policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar, em Irajá, haviam conduzido uma operação.

“Sem nenhum constrangimento posso afirmar que o referido militar é digno desta homenagem por honrar, permanentemente, com suas posturas, atitudes e desempenho profissional, a sua condição humana e de militar discreto mas eficaz. Constituindo-se, deste modo, em brilhante exemplo àqueles com quem convive e com àqueles que passam a conhecê-lo”, diz a homenagem.

Lessa tem um patrimônio de dar inveja a outros policiais. Além da casa na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 4 milhões, ele tem um carro blindado, uma lancha feita sob encomenda e uma mansão de luxo no condomínio Portogalo, em Angra dos Reis.

Expulso da corporação

Já a trajetória de Élcio Vieira Queiroz é marcada pela expulsão da Polícia Militar por fazer segurança ilegal em casas de jogos de azar no Rio de Janeiro, nos bairros de Bonsucesso, Barra do Guaratiba e Botafogo. Ele foi um dos 43 denunciados da Operação Guilhotina, da Polícia Federal, deflagrada em 2011, pelos crimes de formação de quadrilha armada, peculato, corrupção passiva, comércio ilegal de arma de fogo, extorsão qualificada, entre outros. A maioria deles eram policiais e ex-policiais.

A investigação revelou um esquema de corrupção policial que incluía a venda de informações sobre operações e de espólio de guerra do tráfico, além do serviço ilegal de vigilância. À época, Queiroz era segundo sargento e estava lotado no 16º Batalhão da PM, em Olaria, mas atuava cedido à Polícia Civil como adido. Em 2016, a Corregedoria Geral Unificada da Secretaria da Segurança Pública decidiu expulsá-lo e pelo menos outros sete PMs da corporação.

O ex-policial militar Élcio Queiroz é filiado ao DEM, com inscrição registrada em julho de 2011 e ainda ativa. O DEM é o partido do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do pai dele, o ex-prefeito do Rio César Maia.

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