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| Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

Caminhoneira há 25 anos numa profissão majoritariamente masculina, Selma Regina Santos, 48, convoca apoiadores ao protesto contra o custo do diesel online. Ela é criadora de três grupos no aplicativo de mensagens WhatsApp: Para Frente Brasil, Siga Bem Caminhoneiro e Rainha dos Caminhoneiros - este último em sua homenagem.

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Casada com o também caminhoneiro Ivo Evangelista, 69, eles contam gastar, numa viagem de cerca de 700 km, entre Curitiba, onde vivem, e o Rio Grande do Sul, cerca de R$ 1.100 em diesel, isso sem contar outros custos da viagem. O casal faz transporte de mudanças, peças de carro e tecidos, a depender do contratante.

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“De Foz do Iguaçu a Curitiba são dez pedágios e a pista ainda é mal feita. Os valores também mudam. Você passa lá e 15 dias depois, quando volta, está outro preço”, diz Selma.

E a rotina nas estradas tem outras agruras, como dormir no chão do baú e na boléia do caminhão. “A gente lava a roupa no banheiro posto, estende dentro do baú, faz comida no chão. E quando fica doente, muitas vezes não tem hospital ou farmácia perto. Isso quando não dá defeito no caminhão...”

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Quando o motor quebra, por exemplo, ela diz gastar em torno de R$ 5.000 pelo conserto. “As pessoas acham que caminhoneiro ganha dinheiro igual água, mas a realidade é outra. Eu nunca tive natal, meu natal é em posto [de gasolina].”

Selma também não participou da criação dos três filhos durante toda a adolescência deles. “Hoje recebo essa cobrança, por não ter visto eles crescerem. Eu pagava uma pensão para a avó, que cuidava”, conta ela. “Não sei se valeu.”

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Mas não foram os filhos que a afastaram das longas viagens pelas rodovias -do Nordeste ao Sul do país. Selma descobriu há quatro anos uma trombose na perna e que tinha arritmia cardíaca.

Brigando para controlar as doenças, a caminhoneira seguiu na profissão, agora em viagens mais curtas.

“Sigo lutando, guerreando, mas não consigo sair da estrada”, diz. “Eu entrei em depressão, tive síndrome do pânico quando parei de ouvir o barulho do motor, de conhecer pessoas diferentes”, diz Selma. “Não consigo me ver com uma vassoura dentro de casa.”

A fragilidade da saúde foi o motivo pelo qual decidiu não comprar a briga nas ruas. “Recebi um vídeo mostrando que tacaram uma pedra e mataram um motorista. Assim eu não quero. Sou caminhoneira, mas não podemos misturar greve com violência.”

Com o serviço parado durante os quatro dias em que rodovias federais de 25 estados e no Distrito Federal estão bloqueadas, Selma e Ivo calculam o prejuízo. “Para nós, que somos autônomos, o prejuízo é total. Mas mesmo assim apoio e incentivo a greve.”

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