A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) confirmou nesta terça-feira (26) a intenção de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2020, mas disse que o assunto não é sua prioridade agora.
O próprio governador João Doria (PSDB) tem estimulado a parlamentar a disputar a eleição municipal, num momento em que se distancia de seu colega de sigla e ex-vice Bruno Covas, atual prefeito da capital paulista.
“Tem muita água para passar debaixo da ponte. Mas não vou ser hipócrita de dizer não, para amanhã eu esticar a língua na guilhotina e cortar a minha língua”, disse Joice sobre a intenção de se candidatar.
“Eu fui eleita para ser deputada. Quem decide para que rumo eu vou é o povo de São Paulo, que me elegeu. Eu não posso dizer nem que sim nem que não”, despistou ela na saída de seminário do banco BTG Pactual, em São Paulo.
Relação com Doria
A parlamentar disse ainda que “não tem o menor sentido” falar que Doria está incentivando sua eventual candidatura. Os dois são amigos e se aliaram publicamente no segundo turno da eleição passada, pregando o voto “BolsoDoria”.
“O Doria é do PSDB e é meu amigo. Mas ele não vai estimular a minha candidatura, que é de outro partido”, afirmou ela a jornalistas.
“O meu partido, por óbvio, já me sondou. Tanto o presidente quanto o vice-presidente [da sigla] falaram: ‘Olha, você é um bom nome. Você e a Janaina [Paschoal, deputada estadual eleita em São Paulo].”
“Tem coisas mais urgentes agora do que pensar na prefeitura”, concluiu ela.
Joice chegou atrasada ao debate para o qual estava convidada. Culpou o trânsito lento após uma madrugada de forte chuva na capital paulista.
“Todas as árvores que poderiam cair caíram. Todos os buracos que poderiam abrir se abriram. E o prefeito vai ter trabalho”, disse, numa referência a Bruno Covas.
Em redes sociais, a deputada tem feito críticas à gestão do tucano.
Carlos Bolsonaro comenta
Nesta manhã, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, compartilhou no Twitter o título da reportagem da Folha de S.Paulo sobre a possível candidatura de Joice e respondeu a uma seguidora que o aconselhou a não atacar a deputada.
“Não estou nenhum [sic] pouco preocupado com Joyce [sic]. Boa sorte a ela em seus anseios!”, afirmou o filho de Bolsonaro.
Indagada pela Folha de S.Paulo sobre o tuíte, Joice rebateu: “O Carlos tem o direito de dar a opinião dele, como ele quiser e bem entender, assim como eu tenho o direito. De fato, boa sorte para mim nos meus anseios. E boa sorte para ele nos anseios dele”.
“Eu estou aqui para trabalhar pelo Brasil. Não estou aqui para fazer picuinha com figura A, B ou C”, arrematou.
Minutos após deixar o local do evento, Joice foi ao Twitter responder a Carlos. Escreveu que a Folha de S.Paulo está “plantando uma mentira deslavada” ao noticiar o estímulo de Doria à sua candidatura.
“Coisa sem pé nem cabeça. Pq será q o jornalista ñ me ligou para checar a informação? Eu respondo: pq é mentira! Meu compromisso é com Brasil. Vamos aprovar a Nova Previdência TODOS juntos com @jairbolsonaro”, publicou.
O PSL de Joice: O pequeno partido que cresceu com Bolsonaro e agora vive assombrado por laranjas
Também nesta terça, Doria deu entrevista ao lado de Covas depois de um compromisso do governo e procurou desmentir qualquer estremecimento na relação dos dois.
“Não quero aqui fazer nenhum estigma a qualquer veículo de comunicação, mas para ficar claro que a nossa relação é a melhor, a mais estreita, a mais próxima possível”, afirmou o governador. Covas então olhou nos olhos dele e sorriu.
Joice gastou a maior parte do tempo no evento do BTG falando sobre a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro (PSL). Disse estar alinhada com o presidente na expectativa de que o Congresso aprove o projeto no primeiro semestre.
“Falo que é final de maio, para a gente também ter uma gordurinha. Porque vai que atrasa um pouquinho”, afirmou em relação à data de aprovação na Câmara. Depois o texto seguirá para o Senado.
Segundo ela, o presidente se preocupa com o risco de o Congresso “desvirtuar demais” o texto da reforma. Joice relatou ter dito a ele que é impossível evitar que o projeto final tenha “a digital do Parlamento”.
“Mas por óbvio que a gente vai trabalhar para que o texto tenha um impacto [econômico] grande, senão não tem razão de ser”, acrescentou.
Joice disse também que líderes de bancadas vão se reunir com o presidente nesta terça-feira em Brasília para discutir a tramitação do projeto das aposentadorias.
“O presidente, no jeito muito simples dele falar, o jeitão do Bolsonaro, ele fala: ‘Pô, se não aprovar, o Brasil quebrou, tá ok?’.”
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A parlamentar indicou que deve ser mesmo a líder do governo no Congresso, mas falou que não cabe a ela anunciar a nomeação, prevista para ocorrer nos próximos dias.
“Quem anuncia líder não é nem o presidente do Senado nem o presidente da Câmara, é o presidente da República”, afirmou, mostrando-se otimista com a possibilidade.
Num esforço para demonstrar que o governo conseguirá os votos suficientes para passar a reforma da Previdência, Joice disse que “o jogo começou agora” e que a base de apoio está sendo construída.
“Não é fácil, porque todos pensam em impacto na sua eleição. Alguns perguntam: ‘O que é que eu ganho com isso? Qual é a contrapartida para eu votar com o governo?’. Para esses parlamentares nós vamos ter uma conversa no tête-à-tête, olho no olho.”
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