A discussão do parecer do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) sobre a reforma da Previdência na comissão especial será retomada na manhã desta quarta-feira (26). Maia afirmou no início da noite desta terça-feira (25) que não fez nem pretende fazer nenhuma nova alteração no parecer sobre a proposta que apresentou na comissão especial. Esse discurso está afinado com o que deseja o presidente Michel Temer (PMDB), para quem “não há mais razão pra que se diga que não se deve aprovar a reforma da Previdência”.
Temer afirmou, em almoço com governadores e ministros na casa de Rodrigo Maia, que o relator da reforma da previdência “negociou e amenizou enormemente aquele projeto inaugural” e que com o novo texto o projeto precisa ser aprovado no Congresso. “Nós mandamos uma reforma completa, digamos assim. Mas sabedores democraticamente de que o Congresso, que é o filtro das aspirações populares, iria naturalmente fazer uma série de propostas, como foram feitas”, afirmou o presidente, conforme áudio distribuído pela assessoria de imprensa do Planalto.
“O relator percorreu todas as bancadas, ouviu as observações todas, trouxe as observações todas e eu disse: pode negociar”, afirmou.“Houve uma adequação, um ajustamento daquele projeto original, que não é o mesmo, portanto é um outro projeto”, disse. “Então não há mais razão pra que se diga que não se deve aprovar a reforma da Previdência”, completou.
Sem mais alterações
Na mesma toada de Temer, o relator afirma que qualquer mudança no texto será feita agora por meio de destaques que serão votados no colegiado e no plenário. “Não mudou o relatório nem vai mudar nada. O que for mudado a partir de agora é a partir de destaques”, afirmou em entrevista após a sessão de discussão de seu relatório na comissão especial da Câmara.
Maia ainda disse não ver “nada demais” no fato de brasileiros, “ainda mais funcionários públicos”, terem de trabalhar até os 65 anos, idade mínima prevista na proposta para que homens possam se aposentar. A declaração foi dada durante bate-papo ao vivo na página oficial do Facebook da Câmara.
“Não estamos proibindo ninguém de se aposentar, mas, se a pessoa quiser, porque pode, se aposentar com integralidade, tem de ir até os 65 anos, que, diga-se de passagem, hoje não é nada demais alguém trabalhar até os 65 anos, ainda mais funcionário público”, afirmou o relator durante a transmissão, ao responder pergunta de um internauta sobre regras de aposentadoria para servidores públicos.
Tramitação
Pelo acordo feito entre governistas e oposição na semana passada, a discussão do parecer de Maia começou nesta terça-feira (25) e deve durar até a próxima quinta-feira ( 27). Com isso a votação do relatório só será possível a partir de 2 de maio, um dia após os protestos do Dia do Trabalho.
Lula compara reforma da Previdência à bomba de Hiroshima
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta terça-feira (25) a reforma da Previdência em entrevista a Rádio Cidade do Rio Grande do Norte e comparou o projeto a uma bomba atômica. “Reforma pressupõe uma coisa boa. Quando você diz que vai reformar sua casa, seu carro, é para melhorar. Mas o que está sendo feito não é uma reforma; eles estão destruindo o que já tem. Isso tá mais para bomba de Hiroshima do que para reforma”, afirmou.
Para Lula, reformar a Previdência é necessário, visando principalmente gerações futuras. Mas, segundo ele, para isso, seria necessário fazer um amplo debate com a sociedade brasileira, o movimento sindical e os principais atingidos, no caso os aposentados e os trabalhadores “da ativa”.
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