Os servidores públicos estão bem representados na Câmara dos Deputados, a julgar pelas alterações sugeridas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que reforma a Previdência Social.
Das 164 emendas protocoladas pelos deputados, 37 – 23% do total – buscam proteger especificamente os direitos do funcionalismo. O número não inclui, portanto, as sugestões que favorecem tanto servidores quanto segurados do INSS.
VEJA TAMBÉM: Com pouco apoio no Congresso, Planalto decide atrasar a reforma
As emendas que protegem todos os trabalhadores são maioria entre as apresentadas à comissão especial que analisa a reforma. A questão é que, caso os deputados aprovem mais sugestões pró-funcionalismo, a desigualdade entre as regras para os funcionários do Estado e os trabalhadores da iniciativa privada tende a aumentar.
Os servidores já deram demonstrações de seu poder de persuasão sobre deputados e o próprio governo. Primeiro, o presidente Michel Temer tirou do alcance da PEC as regras para Forças Armadas, policiais militares e bombeiros.
Governo estuda pagar bônus na aposentadoria de mulheres com filhos
Leia a matéria completaHá duas semanas, sensibilizado por queixas de parlamentares que eram pressionados por grupos de funcionários públicos, Temer chegou anunciou a exclusão dos servidores estaduais e municipais da reforma. Depois fez um meio recuo, dando aos Legislativos regionais um prazo de seis meses para adequar suas normas ou então se submeter à legislação federal.
Mudanças
O campeão de emendas pró-funcionalismo é o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Das 38 que ele apresentou à PEC, 11 tratam especificamente desse grupo.
Entre outras coisas, ele propõe o fim da cobrança de contribuição previdenciária dos servidores aposentados, iniciada em 2003; inclui todos os funcionários públicos no regime de transição, que no texto original da reforma vale só para mulheres a partir dos 45 anos e homens com 50 ou mais; acaba com as limitações no valor da pensão por morte; e facilita a aposentadoria dos fiscais tributários, equiparando-os aos policiais.
O deputado Lincoln Portela (PRB-MG) busca afastar juízes e promotores da reforma, com o argumento de que, ao incluí-los, a PEC 287 afronta os direitos e garantias individuais e os princípios da independência e separação dos poderes. Segundo ele, mudanças nas regras para a magistratura e o Ministério Público só poderiam ser propostas pelo próprio Poder Judiciário.
Governo admite mudar regra de transição da reforma da Previdência
Leia a matéria completaO mesmo parlamentar defende a manutenção da idade mínima de aposentadoria dos funcionários públicos em 60 anos para homens e 55 para mulheres. Assim, eles não precisariam seguir o corte de 65 anos estabelecido pela PEC.
Odorico Monteiro (PROS-CE) quer eliminar o artigo da PEC que obriga os regimes próprios de estados e municípios a limitarem os benefícios ao teto do INSS, hoje em R$ 5.531, e a criar regime complementar para os servidores que quiserem valor mais alto.
Emendas semelhantes a essas foram propostas por outros deputados. Vários parlamentares se dedicaram a modificar as regras para a aposentadoria por invalidez dos servidores, e outros tantos a retirar os profissionais da Segurança Pública da reforma.
Com pouco apoio no Congresso, Planalto decide atrasar a reforma
Diante das dificuldades em ganhar apoio para a reforma da Previdência no Congresso e do medo dos parlamentares em aprovar medidas polêmicas às vésperas das eleições de 2018, o Palácio do Planalto decidiu atrasar um pouco mais a tramitação da proposta.
Numa estratégia coordenada pela Casa Civil, os líderes dos partidos começaram no início desta semana a contar os votos da base aliada, e o relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA) foi orientado a só apresentar o parecer depois de ouvir todas as bancadas novamente e pontuar os principais pontos de resistência.
O objetivo é fechar um texto que seja consenso, inclusive com os senadores. Até então, o objetivo de Maia era apresentar o relatório no dia 12. Agora, pode ficar para depois do feriado da Páscoa.
Governo Lula cobra fatura de aliança com Lira nesta última semana do Legislativo
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Não é só nos EUA: drones sobrevoam base da Força Aérea americana e empresas estratégicas na Alemanha
Juiz de Brasília condena Filipe Martins por suposto “gesto racista” em sessão do Senado
Deixe sua opinião