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José Dirceu está preso na Papuda, em Brasília, após ter sido condenado em segunda instância na Lava Jato. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
José Dirceu está preso na Papuda, em Brasília, após ter sido condenado em segunda instância na Lava Jato.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A Operação Bastilha, desencadeada pela Polícia Civil do Distrito Federal no domingo (17) em celas da Penitenciária da Papuda, em Brasília, apreendeu um manuscrito em poder do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/governo Lula). Na mensagem, Dirceu fala em “visita fora do horário”. A operação investiga suposta regalias a políticos presos na Papuda.

“Chamou atenção que o caderno do José Dirceu tinha um manuscrito em que ele escreveu que teria que pedir autorização para o [ex-senador] Luiz Estevão para ter acesso de um visitante. Ele anotou, não me lembro a frase especificamente: ‘Pedir para o Luiz Estevão conseguir a visita de um menor fora do horário’. Algo neste teor, mais ou menos”, afirmou o delegado Fernando Cesar Costa, da Operação Bastilha. 

Dirceu está preso após ser codenado a 30 anos de detenção por corrupção na segunda instância da Lava Jato. Estevão também está preso, por desvio de dinheiro público na construção do edifício do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Durante o pente-fino nas celas, os policiais também encontraram pendrives e chocolates que seriam de Estevão e anotações do ex-ministro Geddel Vieira Lima – preso após a Polícia Federal ter encontrado R$ 51 milhões em espécie em um apartamento que seria dele.

Luiz Estevão seria o “dono da cadeia”

O ex-senador Luiz Estevão: preso por corrupção no TRT de São Paulo.Foto: Kameni Kuhn/Jornal de Brasilia

As investigações sobre supostas regalias na Papuda começaram há quatro meses. “A suspeita é essa [que Luiz Estevão tenha influência na Papuda], reforçada pela cela dele que só estão ele e o Dirceu. Se a gente for ver, por exemplo, o Geddel divide a cela com mais dez presos. Ele está só com o Dirceu na cela”, relatou o delegado. “Surgiram indícios de várias regalias, acesso a itens não permitidos e informações de que ele seria o ‘dono da cadeia’, que ele seria o mandachuva”, disse Costa.

O delegado Thiago Boeing contou que “assim que os policiais chegaram na cela do Luiz Estevão foi determinado que se retirasse”. “Ele pediu para ir ao banheiro, estava com algum objeto na mão. Não foi autorizado. Ele saiu com a mão na cabeça e tentou se desfazer de cinco pendrives que estavam na mão dele, mini pendrives, bem pequenos. O policial o visualizou jogando no chão e apreendeu esse objetos”, relatou.

“Posteriormente a retirada dele da cela, também foram localizados alguns gêneros alimentícios, dentre eles chocolates e cereais, que vão ser verificados junto à Vara de Execução Penal se é autorizado ou não a presença desses objetos na cela, bem como uma tesoura, que é objeto proibido dentro do presídio. Foi apreendido, além de diversas anotações”, afirmou Boieng.

Ele afirmou que na biblioteca da ala de Luiz Estevão havia “diversos documentos relacionados a ele, diversas pastas”. “A biblioteca mais parecia um escritório dele do que de uma área de uso comum dos outros presos”, disse. “São diversos documentos separados por pastas, de temas de interesse dele e das empresas. Diversos documentos, umas quatro pilhas. Vão ser analisados.”

Segundo Boeing , “na cela do Geddel foram localizadas somente anotações diversas que vão ser analisadas”. O delegado Maurílio Coelho relatou que Estevão foi chamado param explicar os objetos encontrados em sua cela. “Ele estava bem tranquilo, justificou que aqueles objetos sempre estiveram ali.”

O que dizem as defesas dos presos

O criminalista Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse que ainda não foi informado sobre o resultado das buscas na cela do ex-ministro na Papuda. “Ainda não sei efetivamente o que foi apreendido. Prefiro aguardar para depois me manifestar”, declarou.

O criminalista Marcelo Bessa, defensor do ex-senador Luiz Estevão, afirmou que ainda não teve acesso aos autos da Operação Bastilha. Bessa esclareceu que também não teve contato pessoal com o ex-senador. “Não consegui acesso aos autos da investigação e sequer pude conversar pessoalmente com o meu cliente. Assim, no momento, nada tenho a declarar.”

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima. 

Operação na Papuda derruba a cúpula do sistema penitenciário do Distrito Federal

A varredura nas celas do ex-senador Luiz Estêvão (MDB-DF) e dos ex-ministros Geddel Vieira Lima (MDB-BA) e José Dirceu (PT-SP), na Penitenciária da Papuda, derrubou integrantes da cúpula do sistema prisional em Brasília.

Em nota divulgada nesta segunda (18), a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal informou que, “considerando o cumprimento do mandado de busca e apreensão” no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda, durante o qual foram encontrados “diversos itens proibidos”, decidiu afastar preventivamente de suas funções o diretor da unidade, José Mundim Júnior, e o subsecretário do Sistema Penitenciário, Osmar Mendonça de Souza.

Os dois vão ficar fora de seus cargos ao menos até a conclusão de investigações sobre o envolvimento de agentes públicos na concessão de privilégios aos políticos presos na Papuda.

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