| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou a saída da liderança do PMDB no Senado nesta quarta-feira (28), disparando críticas duras a Michel Temer e ao seu governo. Em seu discurso no plenário, Renan disse que não tolera o que classificou de “postura covarde” do presidente da República. “Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. O que eu não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho”, disse.

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Logo depois, em pronunciamento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Renan chegou a compará-lo a Getúlio Vargas ao afirmar que Temer caminha para não ter condição de construir uma saída para o país, a exemplo do ex-presidente que se suicidou em pleno exercício do mandato, em 1954. “Não estou dizendo que vai acontecer com Temer o que aconteceu com Getúlio, dar um tiro no peito. Mas falo de perder a travessia”, disse.

“Getúlio recorreu a tragédia, com a qual escreveu seu nome na história. O que temo com o Temer é que ele perca a condição de construir uma saída para o país. Não defendo sua permanência pela permanência. Nem sua saída pela saída. Mas uma ou outra, tem que significar um avanço para o país”, completou.

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Renan afirmou não ser marionete, que prefere os críticos aos bajuladores e que alertou Temer várias vezes sobre os rumos da economia. Ele citou a impopularidade de Temer e afirmou que o presidente perdeu totalmente a confiança da população.

“O governo que pretendia ser de mudança, das reformas, de engajar todos os movimentos sociais, virou um governo que perdeu generalizadamente a confiança do povo brasileiro, de governabilidade. Quando o presidente Temer assumiu, 80% da população o conhecia e o rejeitava. Depois, quando 100% da população o conheceu, a rejeição passou para 100%”.

Renan afirmou também que era um incômodo ser líder do PMDB em meio a uma crise econômica, com recessão e desemprego. “Ninguém tem legitimidade para agravá-la. Ser líder é oferecer sugestões, propor caminhos. Ser líder para mim é fazer críticas. Gostaria de estar acompanhado por quem critica e menos pelas marionetes e bajuladores”.

No discurso do plenário, que durou cerca de 15 minutos, o senador voltou a falar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continua influenciando o governo. Disse ainda que há indícios de que Cunha, inclusive, recebeu dinheiro, endossando indiretamente as acusações feitas pelo grupo JBS de que Temer teria comprado o silêncio do ex-deputado.

O agora ex-líder do PMDB lembrou um trecho da gravação de Romero Jucá, num grampo do ex-senador Sérgio Machado, onde aparece dizendo que Renan alertou para o risco da influência de Cunha. O alagoano lembrou o trecho.

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“O Renan tem certeza que o Eduardo Cunha vai mandar no Michel. Ele está politicamente morto. Queria eu, senador Jucá, que ele (Cunha) estivesse mesmo morto. Aí não haveria essa influência deletéria que fez o Brasil periclitar na mão de Michel Temer”, disse Renan.

A decisão de se afastar da liderança foi tomada na manhã desta quarta depois de uma série de conversas com parlamentares do partido. “Convencido de que o problema do governo é o líder do PMDB, me afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha função com total independência”, disse o peemedebista, indicando que manterá independência em relação ao governo.

Os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Garibaldi Alves (PMDB-RN) são cotados para assumir o lugar de Renan na liderança do partido no Senado.