Renan: "Achei o caso muito grave. Gravíssimo. (...) Uma censura sem precedentes”.| Foto: Jefferson Rudy /Agência Senado

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi alvo de censura no Senado, na semana passada, e trechos de críticas que fez no plenário a uma indicação do presidente Michel Temer (PMDB) para a Agência Nacional de Águas (ANA) foram excluídos dos órgãos de comunicação da Casa. Renan acusou Temer de indicar Christianne Dias Ferreira para o cargo de conselheira da ANA para prestigiar o silêncio do ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures (PMDB), o “homem da mala” de R$ 500 mil, com quem a indicada teria trabalhado no governo.

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Renan tentou reverter seu voto a favor da indicação, numa votação secreta, mas não foi possível. O painel eletrônico não aceita esse tipo de alteração quando o voto é secreto. 

"Caí numa armadilha do sistema digital. Estou tentando mudar meu voto, mas não consigo. O problema é o seguinte: acabo de ser informado que a doutora Christianne Dias Ferreira, e isso não a desabona, mas desabona quem a indicou. [Ela] vem a ser uma eficiente ex-assessora do ex-deputado Rocha Loures. E que [sua indicação] seria um prestigiamento do presidente da República ao silêncio do ex-deputado. Queria ao menos recusar essa prestação de serviço com o meu chapéu", disse Renan, na sessão que aprovou a indicada para a ANA no último dia 13. 

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VEJA: O vídeo do pronunciamento de Renan Calheirros no plenário do Senado

Críticas foram registradas, mas depois “sumiram”

Rocha Loures e Temer: Planalto nega que indicada tenha trabalhado para o ex-assessor presidencial. 

Ao noticiar o episódio, num primeiro momento, a Agência Senado registrou as críticas de Renan. O Jornal do Senado, versão impressa, também publicou os trechos. Mas os trechos sumiram das notas taquigráficas e também da reportagem da Agência Senado.

Ao tomar conhecimento dos cortes feitos no seu discurso, Renan afirmou considerou o fato "gravíssimo" e disse ter sido alvo de censura. 

"Achei o caso muito grave. Gravíssimo. Falei que a opção pelo nome da indicada era uma retribuição ao silêncio do Rocha Loures. Eduardo Cunha [ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara, preso pela Lava Jato] e seu grupo seguem mandando no governo Temer mesmo da cadeia. Alertei o país sobre isso, mas retiraram das notas taquigráficas. Uma censura sem precedentes", disse Renan, em declaração divulgada por sua assessoria. 

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Ele citou Eduardo Cunha porque Christianne Ferreira trabalhou com Gustavo Rocha, sub-chefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, e que teria sido indicado pelo ex-presidente da Câmara. 

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Senado diz que apenas “atualizou” a reportagem e tirou “expressões descorteses” das notas taquigráficas

A Secretaria de Comunicação do Senado informou que a matéria intitulada “Senado aprova três novos diretores para a Agência Nacional de Águas” foi "atualizada" porque não atendia aos critérios editoriais de "imparcialidade" do órgão, "que preza por registrar de forma equânime todas as opiniões expressas em plenário. A atualização de matérias é uma prática corriqueira do jornalismo on-line". 

A explicação para a exclusão da fala de Renan nas notas taquigráficas, como está registrada nessa ata, é que o Regimento Interno do Senado prevê que sejam evitadas “expressões descorteses ou insultuosas”. 

Planalto nega que indicada tenha trabalhado com Rocha Loures

A Casa Civil do governo divulgou nota na qual defende a indicação de Christianne Ferreira por Temer e informou que ela nunca teria trabalhado com Rocha Loures. E diz também que ela atuou no aperfeiçoamento do marco legal do saneamento e como subchefe adjunta de infraestrutura do governo.

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