O senador Renan Calheiros (AL), de 63 anos, venceu a batalha interna no MDB e vai tentar presidir o Senado Federal pela quinta vez. Em votação na bancada do partido, nesta quinta-feira (31), o alagoano ganhou a queda de braço com Simone Tebet (MDB-MS), por 7 votos a 5, e foi ungido como candidato emedebista a presidente da Casa.
Além de seu próprio voto, Renan contou com o apoio de Jader Barbalho, Eduardo Braga, Marcelo Castro, Fernando Bezerra, José Maranhão e Eduardo Gomes. A eleição para o comando do Senado no biênio 2019-2020 acontece nesta sexta-feira (º), logo após a nova legislatura tomar posse. O pleito deve ser o mais disputado desde a redemocratização.
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Na reunião que sacramentou o nome de Renan, apenas o senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) não compareceu. Com a derrota, Simone diz que não lançará candidatura avulsa, sem o apoio do partido.
Manutenção do poder
Fora do governo e sem ter conseguido reeleger nomes como o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da sigla, Romero Jucá (RR), o MDB tem nesta eleição sua principal perspectiva de manutenção de poder.
Nas duas últimas eleições, o partido havia chegado à véspera da disputa com consenso na bancada. Primeiro, Renan foi o presidente e Eunício o líder da bancada. Depois, eles inverteram as funções. Agora, não há previsão de nada parecido.
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Há 24 anos no Senado, Renan já presidiu a Casa quatro vezes. Até entrar na reunião da qual saiu vitorioso, negava estar disputando qualquer cargo. Para o público, queria aparecer já ungido pela bancada. “Nunca postulei candidatura porque sempre tive a compreensão de que a bancada majoritariamente que vai escolher. Quem vai falar primeiro é a bancada. Vamos aguardar”, afirmou ao chegar para o encontro.
“Renan novo”
Mas, nos bastidores, Renan vinha fazendo campanha desde o final de 2018. Para diminuir a resistência do governo de Jair Bolsonaro a ele e tentar mostrar sintonia com a onda de renovação que marcou as eleições de outubro, criou dois personagens: o “Renan velho”, um “sobrevivente” e de perfil “estatizante” e o “Renan novo”, um “liberal”, nas palavras dele, defensor das reformas prioritárias do ministro Paulo Guedes, da Economia.
O ex-senador Wellington Salgado, que no ano passado intermediou um encontro entre Renan e Guedes, acompanhou as discussões. Salgado também é amigo de Bolsonaro e, segundo emedebistas, tem feito a ponte entre a família do presidente e Renan. A confiança de integrantes do Palácio do Planalto no senador emedebista não é plena devido ao histórico político dele.
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O senador alagoano tem a seu favor a habilidade política de ter sido presidente do Senado quatro vezes e a postura firme na defesa dos seus pares diante da Justiça e do Ministério Público. “Vejam porque nunca cogitei e não postulei ser presidente do Senado. O Ministério Público Federal jamais iria me apoiar”, escreveu em uma rede social nesta quinta.
Contra ele pesa, principalmente, a pressão popular que cobra renovação e levanta bandeira anticorrupção. O senador tem no currículo 18 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), nove deles arquivados.
Simone Tebet se deu mal
Antes da votação na bancada, Simone se reuniu com candidatos de outros partidos em busca de apoio. Ouviu que o melhor gesto que poderia adotar seria sair do MDB e se filiar a outro partido – a sugestão era o Podemos –, abrindo caminho para que outra siglas a apoiassem.
A ideia de mudança foi apresentada num encontro do qual participaram Tebet, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Major Olímpio (PSL-SP), Alvaro Dias (PODE-PR), Angelo Coronel (PSD-BA), Esperidião Amin (PP-SC), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Regguffe (sem partido-DF), além do senador eleito Eduardo Girão (PROS-CE).
Mas a senadora decidiu permanecer no partido ao qual é filiada desde 1997 e enfrentar Renan Calheiros na disputa interna. Se deu mal.
No Senado desde 2015, Tebet era líder do MDB até o início da semana. Mas renunciou à liderança depois de ter sido vencida num debate interno sobre votação aberta na eleição para presidente da Câmara. A maioria da bancada do MDB optou por votação secreta, o que favorece Renan, já que muitos senadores dizem ter dificuldade de apoiar o alagoano publicamente por causa da pressão nas bases de cada um. O líder da bancada agora será Eduardo Braga.