A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) transformou em prática de gestão uma ferramenta que o tornou popular nos últimos anos e que foi muito explorada na sua campanha eleitoral: as redes sociais. Em especial, o Twitter. Com a chegada do capitão ao poder, a rede social virou o canal de comunicação oficial não só do presidente eleito, mas também de seus principais assessores e futuros ministros, que usam o Twitter para anunciar agendas, fazer comentários, rebater a oposição, criticar jornalistas, defender suas ideias e até responder a eventuais denúncias.
O estilo de comunicação via redes sociais, principalmente pelo Twitter, já é utilizado pelo presidente americano Donald Trump. Agora, ele acabou “fazendo escola” no Brasil e teremos, no próximo governo, a "República dos tuíteiros".
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Como funciona a "República dos tuíteiros"
É pelo Twitter que Bolsonaro tem anunciado seus ministros, desmentido indicações e até dando broncas públicas em quem tenta abocanhar alguma vaga em seu futuro governo. Assim aconteceu deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que deu entrevistas quase como ministro escolhido, mas foi desautorizado pelo presidente eleito através de mensagens publicadas na rede social.
Bolsonaro não tem dia nem hora para fazer seus anúncios. Na quinta-feira (22), por exemplo, em plena cerimônia de casamento de seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disparou uma mensagem anunciando o nome de Ricardo Vélez Rodríguez como ministro da Educação.
Quem marca presença, além de Bolsonaro
Quem não tinha o hábito de usar a ferramenta, teve que criar sua conta. Até mesmo os generais de seus governo aderiram às redes sociais para mandar seus recados. O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), se inscreveu no Twitter. Recentemente, festejou que já atingiu quase cem mil seguidores.
"Minha intenção é sempre compartilhar as informações mais importantes que eu possa lhes passar na busca por um Brasil sempre melhor", postou Mourão no seu perfil oficial no Twitter, onde também expressou sua opinião sobre a polêmica do Mais Médicos. "Acredito na possibilidade de parte dos médicos cubanos desejarem permanecer no Brasil", avaliou.
O novo ministro das Relações Exterior, Ernesto Araújo, é outro usuário da rede. Ali, já manifestou opiniões sobre temas diversos e até rebateu críticas do ex-chanceler petista Celso Amorim. "Celso Amorim diz que represento um retorno à Idade Média. Não entendi se é crítica ou elogio, mas informo que não retornaremos à Idade Média, pois temos muito a fazer por aqui, a começar por um exame minucioso da 'política externa ativa e altiva' em busca de possíveis falcatruas", rebateu o futuro ministro.
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Citada em reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre suposto benefício que teria concedido à JBS quando secretária estadual de Agricultura no Mato Grosso do Sul, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), anunciada ministra da Agricultura a partir de janeiro, usou as redes para se defender e postou ali uma entrevista que concedeu a uma rádio sobre o caso. Ela nega as acusações.
O general Augusto Heleno, que irá assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também marca presença no Twitter. Heleno usou a rede nesta semana para concordar com um post de outro general, também da reserva, Girão Monteiro, que se elegeu deputado federal pelo PSL do Rio Grande do Norte. Monteiro defendeu que seja reduzido o tempo entre a eleição e a posse de integrantes do Executivo e do Legislativo no país.
"O que se faz de canalhice, principalmente por aqueles que não são reeleitos, não tem cabimento", escreveu Girão Monteiro. Heleno completou: "Excelente colocação. Esses indivíduos envergonham uma nação inteira. Vamos trabalhar para mudar essa realidade. Selva!".
Recentemente, Heleno defendeu Bolsonaro da acusação de que está privilegiando o Democratas na escolha de seu ministério. "É mera coincidência", postou.
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Filhos de Bolsonaro são os que mais usam
O Twitter já era, desde antes de Bolsonaro virar presidente eleito, muito explorado pelos três filhos políticos do capitão da reserva. Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), inclusive, era quem cuidava das redes sociais do pai, mas anunciou na quinta-feira (22) que está deixando essa função para retornar ao mandato de vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de onde esteve licenciado nos últimos meses. É o mais reativo dos três filhos.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro(PSL-SP) usa muito a ferramenta para a defesa do futuro governo e de suas ideias. O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) é o que posta menos entre os três filhos.
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