Um dia depois de senadores ligados a Renan Calheiros (PMDB-AL) se reunirem em um jantar regado a críticas ao presidente Michel Temer, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) acusou o governo de impor à base um “suicídio coletivo” à la Jim Jones, pastor que comandou um massacre que matou 918 pessoas em 1979 na Guiana.
A maioria dos mortos bebeu, a mando do pastor fundador de uma seita pentecostal cristã, de orientação socialista, veneno misturado a um ponche de frutas.
O peemedebista, que esteve no jantar de ontem na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), afirmou que Temer serve, em seus jantares, o “vinho envenenado de Jim Jones”, e que, se a base aprovar as reformas que seu governo propõe, vai “morrer eleitoralmente”. Temer deve se reunir com um grupo de senadores do partido em jantar nesta quarta-feira (5), no Palácio do Jaburu.
“Temer está como Jim Jones oferecendo vinho envenenado para os soldados, e estamos percebendo que quem toma o vinho morre eleitoralmente”, disse o senador.
Requião: escudeiro de Dilma e crítico de Temer
Requião foi um dos poucos senadores que se mantiveram fiéis à ex-presidente Dilma Rousseff até o fim. Ele votou contra o impeachment da petista e sempre fez críticas a Temer, de quem é correligionário.
O senador criticou as propostas que o governo quer aprovar e o fato de o presidente ter sancionado o projeto da terceirização. A maior preocupação dos senadores da base é a possibilidade de não se reelegerem em 2018.
“Ele quer aprovar propostas terríveis que eliminam a popularidade de quem quer se reeleger em 2018. Eu não bebo desse vinho”, afirmou Requião.
Requião apresenta novo relatório sobre abuso de autoridade
Requião afirmou nesta quarta-feira (5) que vai apresentar novo relatório sobre o projeto que atualiza a lei do abuso de autoridade daqui a duas semanas, dia 19 de abril, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na mesma data, o texto deverá ser votado pelo colegiado. Requião também comunicou, em sessão da CCJ realizada nesta quarta, que vai analisar em conjunto o projeto do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) com base na proposta alternativa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A principal diferença entre os textos de Requião e Janot é em relação ao chamado crime de hermenêutica. Pelo texto do senador, se o acusado na primeira instância for inocentado na segunda instância, o juiz da primeira instância pode ser punido. O procurador apresentou uma proposta alternativa para assegurar que um agente público não poderá ser punido por divergências de interpretação de uma lei se apresentar motivos para isso. Na semana passada, entretanto, Requião ignorou todas as sugestões do procurador-geral durante a leitura do relatório na CCJ.