Em depoimento à Justiça nesta sexta-feira (15), em São Paulo, o empresário Joesley Batista chamou de “covardia” a rescisão de seu acordo de delação premiada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os benefícios concedidos ao sócio da JBS, como a imunidade penal pelos crimes que denunciou, foram cancelados na quinta (14), junto com a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) que o procurador encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O procurador foi muito questionado pela nossa imunidade. Um ato de covardia por parte dele, depois de tudo que fizemos, das provas que entregamos”, afirmou Joesley. “Fui mexer com os donos do poder e estou aqui agora. Estou pagando por isso”, continuou o empresário.
Ao final da audiência, o juiz federal João Batista Gonçalves decidiu manter a prisão preventiva que determinou na terça-feira (13). Como justificativa, citou o risco de o empresário deixar o país, por conta dos recursos de que dispõe para se deslocar para viajar ao exterior. Ele também decidiu que Joesley será mantido sob custódia da Polícia Federal.
Joesley e seu irmão, Wesley Batista, foram alvos de um mandado de prisão na quarta (13) pela Operação Tendão de Aquiles, a pedido da Justiça Federal de São Paulo. Eles são investigados por terem supostamente usado informações sigilosas de sua delação premiada para lucrar no mercado de capitais, vendendo ações e fazendo reservas de dólares antes de a delação vir a público.
O empresário negou as acusações: “Não houve ‘insider trading’ [apelido do crime pelo qual é acusado]. Vendemos ações por um único motivo de necessidade de caixa”. Ele disse, também, que os bancos têm restringido crédito, sem renová-los, e que neste ano os dividendos de seu grupo empresarial ficaram abaixo da expectativa.
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